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Tema da mesa: Repensando a avaliação

Reflexões sobre o novo conceito de avaliação

Dra. Ana Maria Porto Castanheira

As múltiplas definições de avaliação devem ser objeto de reflexão, pois desde os primórdios que a avaliação está incorporada na vida de cada cidadão. A cada dia, a cada momento, cada um de nós toma decisões baseadas em nossas avaliações, sejam elas resultadas de estudos com uma metodologia científica rigorosa ou puramente fruto de intuição. O ato de avaliar está incorporado de forma intuitiva e espontânea no cotidiano, não só escolar, mas nos acontecimentos diários.
A avaliação educacional, da aprendizagem é a mais estudada, no entanto, cada vez mais existe uma grande preocupação em aplicar os conceitos de avaliação de forma sistêmica em outros momentos para contribuir com mudanças reais da sociedade.
O conceito de avaliação sempre esteve ligado ao fato de escolher. Foi utilizada, durante anos, como instrumento para selecionar, aprovar ou capacitar trabalhadores contribuindo para melhores resultados, no entanto, a avaliação não deve e não pode ser reduzida à medida. Dias Sobrinho (2003, p.177) afirma que a avaliação não se reduz a instrumentos tampouco se satisfaz com objetos definidos e sim, é entendida como um universo de significações abertas que adquire força por meio da comunicação intersubjetiva e da construção coletiva. O sentido educativo da avaliação se potencializa quando os próprios agentes de uma comunidade se assumem como protagonistas da tarefa avaliativa.
Para provocar discussões e reflexões sobre a prática avaliativa é preciso observar um novo paradigma de avaliação, a "emancipatória": A avaliação emancipatória caracteriza-se como um processo de descrição, análise e crítica de uma dada realidade, visando transformá-la. Destina-se à avaliação de programas educacionais ou sociais. Ela está situada numa vertente político-pedagógica cujo interesse primordial é emancipador, ou seja, libertador, visando provocar a crítica, de modo a libertar o sujeito de condicionamentos deterministas. O compromisso principal desta avaliação é o de fazer com que as pessoas direta ou indiretamente envolvidas em uma ação educacional escrevam a sua "própria história" e gerem as suas próprias alternativas de ação. (SAUL, 2000, p. 61).
A avaliação emancipatória busca atingir objetivos do ato de educar e está totalmente baseada nas decisões democráticas e suas reflexões críticas. Hoffmann (2002, p. 102) entende que a avaliação é importante para uma educação libertadora, não como um instrumento que apontam para verdades absolutas, mas como motivadora de práticas como investigar, problematizar e ampliar perspectivas. Ainda para Hoffmann, o descontentamento dos professores com a prática tradicional, classificatória e mantenedora de diferenças sociais é o primeiro passo na direção de uma investigação séria sobre uma perspectiva libertadora da avaliação. A prática emancipatória e também mediadora. Uma avaliação que busca conhecer primeiro os envolvidos, suas opiniões, seu comportamento, suas angustias e expectativas, seus desejos provocando comportamentos com o objetivo de criar condições para uma autonomia e para o exercício da democracia.

Bibliografia
DIAS SOBRINHO, José.Avaliação: políticas educacionais e reformas da educação superior. São Paulo: Cortez,2003.
SAUL, A. M. Avaliação Emancipatória: desafios à teoria e prática de avaliação e reformulação política. 33 ed. Campinas - SP. Autores Associados. (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo; v. 5). 2000
HOFMANN, J. M. L. Avaliar para Promover: as setas do caminho. 2. ed. Porto Alegre: Mediação, 2002.

Mini-currículo da Dra. Ana Maria Porto Castanheira