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Mesa Redonda:
A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS E A MATEMÁTICA NO COTIDIANO

Conferência:
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS, EXPLÍCITA OU IMPLICITAMENTE NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

Profa. Dra. Norma Suely Gomes Allevato

Com o declínio da Matemática Moderna, na década de 70, a Resolução de Problemas tornou-se um foco importante da pesquisa em Educação Matemática até o fim dos anos 1980. Esse movimento foi iniciado nos USA, mas atingiu diversos países. Pela metade dos anos 1990 a pesquisa sob a bandeira de “Resolução de Problemas” foi vista cada vez menos e a atenção do campo foi se voltando a novas abordagens para o trabalho em sala de aula de Matemática. Entretanto, as pesquisas envolvendo essas abordagens incorporaram ideias da pesquisa em Resolução de Problemas, e esse trabalho continua a evoluir em caminhos importantes. De qualquer modo, é notório que, atualmente, ela continua presente, explicita ou implicitamente, fazendo-nos crer que o movimento de reforma em Resolução de Problemas continua ativo.

A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE FORMA EXPLÍCITA NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

Considerável amadurecimento foi atingido com as investigações realizadas sobre Resolução de Problemas nos anos 1980. Entretanto, no final dessa década, coexistiam, particularmente, três concepções no trabalho em sala de aula e nas pesquisas com relação a essa temática: ensinar sobre resolução de problemas, ensinar Matemática para a resolução de problemas, e ensinar Matemática através da resolução de problemas. A terceira concepção, ensinar Matemática através da resolução de problemas, foi assumida e ganhou força.

Um importante e explícito indicador da continuidade desse movimento de valorização da Resolução de Problemas é o fato de que, nos Principles and Standards for School Mathematics (2000), entre os dez padrões que especificam a compreensão, o conhecimento e as habilidades que os alunos deveriam adquirir ao longo de sua escolaridade, o primeiro dos cinco padrões de procedimento é a resolução de problemas.

Acompanhando essa tendência, no Brasil, as orientações curriculares também “abraçaram” esta abordagem, recomendando que os conceitos e habilidades em Matemática devem ser trabalhados no contexto da resolução de problemas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) indicam como objetivos do Ensino Fundamental que os alunos sejam capazes de questionar a realidade formulando problemas e resolvendo-os, e indica a resolução de problemas como eixo organizador do trabalho com Matemática em sala de aula. Explicitamente recomenda que a situação-problema seja o ponto de partida da atividade matemática. Não raro, os problemas propostos aos alunos não constituem verdadeiros problemas.

Envolvidos com o tema Resolução de Problemas, e dentro dessa concepção de ensinar Matemática através da resolução de problemas, o GTERP – Grupo de Trabalho e Estudos em Resolução de Problemas, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática, da UNESP – Rio Claro/SP/Brasil passou a analisar, utilizar e investigar essa abordagem como uma metodologia para o trabalho em sala de aula, e tem produzido muitos trabalhos.

A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE FORMA IMPLÍCITA NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

A escola, até determinado momento da história, caracterizada por seu caráter seletivo, torna-se agora, ou deveria tornar-se, uma escola inclusiva. A democratização do ensino trouxe para as escolas um contingente muito grande de estudantes e, consequentemente, a diversificação de estilos, condições e características pessoais que esses estudantes apresentam se fez presente nas salas de aula. Isso faz emergir a necessidade de um professor atento às diferenças individuais, e flexível nas abordagens de ensino, de modo a atender à maioria, percebendo e respeitando diferentes modos de aprender. Por isso, novas metodologias e recursos de ensino têm sido considerados que, implicitamente, trazem a resolução de problemas em suas concepções:

Investigações matemáticas e Resolução de problemas - Uma investigação matemática é desenvolvida, usualmente, em torno de um ou mais problemas. Assim, o primeiro grande passo de qualquer investigação é identificar claramente o problema a resolver. Por isso, em Matemática, existe uma relação estreita entre problemas e investigações.

Modelagem Matemática e Resolução de problemas - Orientações Curriculares para o Ensino Médio recomendam a resolução de problemas aplicada em sala de aula a partir de problemas abertos, relacionando-os com a modelagem matemática, que “[...] pode ser entendida como a habilidade de transformar problemas da realidade em problemas matemáticos e resolvê-los interpretando suas soluções na linguagem do mundo real. [...]” (OCEM, 2008, p. 84; grifo nosso).
Jogos e Resolução de problemas - O trabalho com jogos nas aulas de Matemática, se bem planejado e orientado, pode ser visto como um problema, que auxilia no desenvolvimento de habilidades como observação, análise, levantamento de hipóteses, tomada de decisão, argumentação e organização, entre outras.
TICs e Resolução de problemas – As Tecnologias de Informação e Comunicação dão novo sentido à noção de atividade matemática para os alunos e, consequentemente, à noção de problema. O professor pode confrontar os alunos com problemas bastante complexos, menos usuais, mais interessantes e ricos do ponto de vista da aprendizagem. É o que se espera.

Em qualquer caso, ficam os questionamentos: • Em que medida poder-se-ia analisar o que os alunos fazem quando utilizam essas abordagens em atividades matemáticas, sob a perspectiva da resolução de problemas? • Seriam problemas tais atividades? • Quais concepções acerca da resolução de problemas estão presentes em tais atividades? • Quais concepções sobre Resolução de Problemas são favorecidas, ou modificadas, em cada uma dessas abordagens em aula de Matemática? • Quais implicações decorrem daí?

Acreditamos na grande relevância que a resolução de problemas possui no encaminhamento das atividades em aula, qualquer que seja a concepção ou a abordagem de ensino assumida. As questões e reflexões aqui registradas podem ser o mote para futuros estudos relacionados à “posição” da Resolução de Problemas nos currículos e na sala de aula de Matemática. Este trabalho é uma tentativa de contribuir para reflexões nessa direção.

Mini-currículo da Profa. Dra. Norma Suely Gomes Allevato