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Mesas-Redondas

+ - O trabalho coletivo na educação infantil

Maria Carmem Silveira Barbosa

A creche é um ambiente educativo que exige um trabalho coletivo pois a formação de uma criança pequena envolve desde a sua segurança, a alimentação saudável, espaços bem organizados, brinquedos selecionados, propostas de trabalho adequadas as suas necessidades e possibilidades até a contínua comunicação com as famílias. Para realizar esta tarefa é fundamental constituir uma “sintonia”que envolve o diálogo entre todos os profissionais a partir da argumentação sobreconcepções de infância, educação e proposta pedagógica. A qualidade da vida coletiva dos bebês na creche depende da possibilidade dos adultos compartilharem e constituírem um trabalho em equipe.

Clélia Cortez

Desde muito pequena, a criança busca dar sentido as suas experiências, portanto, as diversas formas de interação podem gerar um ambiente rico para observação, escuta, conversa e pesquisa. Nas variadas situações de convívio social – e a instituição de Educação Infantil exerce um papel importante nesse sentido- aprende parte significativa das ações e conhecimentos para a sua inserção no mundo.
O espaço educativo pode se legitimar para a criança como o lugar onde se transmite e constrói cultura. Ao explicitar processos ela pode se colocar como protagonista da própria aprendizagem e viver a experiência de fazer escolhas, explicitar pensamentos e narrativas que favoreçam a compreensão sobre o mundo e sobre si mesma.
Neste contexto, o professor é aquele que no encontro com a criança mostra-se sensível às suas necessidades e desejos, fortalece as experiências de convivência na diversidade, planeja e pesquisa situações para a construção de novos saberes e aproximações com as descobertas da humanidade. Com base nestas premissas, o propósito dessa mesa redonda é refletir sobre algumas referências para a organização do trabalho coletivo destinado às crianças de 0 a 3 anos sustentadas em três pilares: cuidar, educar e brincar.

+ - O desenvolvimento da imaginação na educação infantil

Silvana de Oliveira Augusto

"A imaginação não é um dom natural, como muitos ainda pensam. É uma das mais complexas capacidades humanas, fruto de um intenso processo de desenvolvimento. Nesse processo, chama a atenção a singularidade que surge na busca das crianças para dar sentido a tudo o que fazem e para encontrar soluções aos problemas plásticos e estéticos, tanto os que lhes são formalmente apresentados, quanto os que elas mesmas se propõem. A observação da produção de uma criança ao longo de um tempo permite desvelar diferentes percursos criativos e traz pistas ao educador para melhorar sua intervenção pedagógica."

+ - Educação Infantil, onde a inclusão começa

Marie Claire Sekkel

A educação inclusiva é também educação para as diferenças, e pressupõe a formação de atitudes de aceitação do diferente. As atitudes indicam uma predisposição para agir, baseada em sentimentos, crenças, pensamentos etc. e, embora possam ser modificadas, mostram certa estabilidade. Um estudo realizado em 2010 teve comoobjetivo conhecer os efeitos da convivência numa creche/pré-escola inclusiva sobre a formação de atitudes das crianças no que diz respeito à aceitação das diferenças. A pesquisa foi realizada com crianças egressas há pelo menos um ano da instituição, buscando estabelecer uma possível relação entre ter convivido com crianças e educadores numa educação infantil inclusiva e o modo de se relacionar com pessoas significativamente diferentes ao longo da vida. Os resultados apontam que a educação infantil inclusiva tem um papel importante no fortalecimento das experiências infantis e na manutenção de uma abertura ao outro (novo e diferente) que permanece ao longo da vida. Indicam também que, independentemente dos valores e atitudes presentes no ambiente familiar, há algo comum na educação dessas crianças para o qual a escola exerce forte determinação. Esses efeitos da educação a longo prazo coadunam com os conhecimentos da psicanálise, que destacam a importância das experiências infantis no desenvolvimento da personalidade. Entendo que a inclusão na educação infantil tem como ponto de partida a transformação da escola num ambiente inclusivo, independentemente de haver crianças com deficiência ou outras necessidades especiais matriculadas. Esse entendimento deixa claro que não temos que fazer a inclusão de pessoas, de forma isolada, apontando para aquele que se convencionou chamar “aluno de inclusão”. O discurso que nomeia o aluno de inclusão não dá visibilidade à necessidade de transformação das atitudes forjadas no ambiente social. É importante criar ambientes inclusivos, nos quais a aceitação das diferenças esteja em consonância com a cultura local, em que se possa compartilhar as dificuldades e os ganhos no processo de desenvolvimento, trabalhar na aceitação dos limites, que nos dão contorno, e buscar ser feliz. A inclusão diz da situação de pertencimento em dois sentidos: o reconhecimento da pertença de alguém por um grupo e, por outro lado, o sentimento de pertencer a um grupo presente num sujeito. Tanto o reconhecimento do grupo, quanto o sentimento de pertença do sujeito são importantes e devem ser considerados nesse processo. Quando falamos em direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (previstos no ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente) é importante salientar que em todos eles o sentimento de pertencimento é fundamental. Existir e pertencer são inseparáveis no ser humano. A confiança básica que uma mãe suficientemente boa propicia ao bebê, segundo o psicanalista DonaldWinnicott, já se relaciona com o pertencimento aos ambientes e relações humanas.

Denise Maria Milan Tonello

“Aprender a ser cidadão e cidadã é, entre outras coisas, aprender a agir com respeito, solidariedade, responsabilidade, justiça, não-violência; aprender a usar o diálogo nas mais diferentes situações e comprometer-se com o que acontece na vida da comunidade e do país. Esses valores e essas atitudes precisam ser aprendidos e desenvolvidos pelos estudantes e, portanto, podem e devem ser ensinados na escola”.

(Programa Ética e Cidadania, construindo valores na escola e na sociedade. MEC, 2007)

Uma sociedade justa, formada por cidadãos conscientes e respeitosos, que não discriminam ninguém e que dê oportunidade para todos, sem dúvida nenhuma, começa na escola. E, por isso, toda a escola deve ser inclusiva.

Mas o que entendemos por inclusão?

Erroneamente, há quem compreenda que uma “escola inclusiva” é aquela que recebe crianças com necessidades especiais. No entanto, prefiro a definição da educadora Meire Cavalcanti que diz que inclusão “é a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. A inclusão é estar com, é interagir com o outro”.

Nesse sentido, essa aceitação pelo diferente deve ser trabalhada desde a mais tenra idade, na Educação Infantil, uma vez que as crianças são mais receptivas e não se importam com diferenças entre colegas. E cabe à escola atuar sobre os “pré-conceitos” dos adultos para que todos possam buscar a melhor maneira de conviver em grupo.

A escola que acredita num verdadeiro processo de inclusão, deve vivenciar o verdadeiro processo de inclusão, promovendo situações em que as crianças cultivem o respeito, amor, o cuidar de si e do outro, a cidadania e aceitação, o companheirismo e tantos outros valores necessários à formação de um cidadão justo, contemplando as deficiências e as diferenças – sejam elas físicas, sociais, raciais, religiosas, atitudinais, familiares, econômicas, culturais e outras. Essas situações devem ser discutidas, exemplificadas e cultivadas a fim de que, num movimento de troca de experiências entre as famílias, todos possam conscientizar-se em torno do processo de se educar um filho para atuar numa sociedade inclusiva.

+ - Educar a criança na contemporaneidade: sentidos e desafios

Walter Omar Kohan

Há um mundo na infância? Há um tempo da infância? Há um mundo para a infância? Há um tempo sob a infância? As perguntas poderiam continuar... As relações entre mundo, tempo e infância são infinitas... como cada um desses conceitos. Nesta intervenção me proponho a explorar parte desse universo, desse infinito que esconde uma criança e todos os que habitam a infância.

+ - A Escola Promotora da Saúde

Damaris Gomes Maranhão

As instituições de educação infantil- creches e pré-escolas - conforme previsto nas Diretrizes Nacionais de Educação Infantil publicada pelo Ministério da Educação em 2009, precisam incluir em seu currículo e planejamento os cuidados com a saúde e o bem-estar das crianças. Este tema é historicamente polêmico, uma vez que cuidar da saúde pode ser compreendido por muitos professores e gestores de creches como “assistencialismo". Não nos propomos neste momento aprofundar a reflexão sobre o conceito de assistencialismo e nem relatar os embates históricos e conceituais que explicam esta resistência, mas começar pela reflexão sobre saúde e bem estar em sua interface com as politicas publica de saúde e de educação para a infância retomando trechos do documento Saúde e Bem Estar das crianças: uma meta para educadores, familiares e profissionais de saúde.

A importância de considerarmos a promoção da saúde e do bem-estar das crianças como uma responsabilidade das instituições educativas em parceria com familiares e serviços de saúde começa pela aceitação do fato de que é impossível cuidar e educar crianças sem influenciarmos as práticas sociais relativas à manutenção e recuperação da saúde e do bem-estar dos envolvidos no processo, ou sem sermos influenciados por elas.

Os professores e gestores da Educação Infantil devem estar conscientes de que ao planejarem, organizarem e operarem a rotina cotidiana relativa às atitudes e aos procedimentos dos cuidados, às brincadeiras e atividades educativas (stricto sensus) podem influenciar a saúde individual e coletiva das crianças e da comunidade em que estão inseridas. Esse pressuposto tem como base a concepção de que o processo saúde-doença é dinâmico e determinado socialmente pelos modos de vida, dentro e fora da instituição educativa e, em parte, por nossa responsabilidade, como cidadãos e profissionais.

O segundo aspecto que justifica a importância da dimensão do trabalho dos professores nesse âmbito é o fato de que as crianças que convivem no espaço de uma creche ou pré-escola e interagem com os colegas e profissionais da unidade continuam interagindo diariamente com seus familiares nas comunidades onde residem e com as quais se relacionam. Isso implica reconhecer que todos os aspectos dessa diversidade de relações devem ser considerados, incluindo-se as práticas sociais e as políticas públicas voltadas à prevenção e ao controle dos problemas de saúde prevalentes na comunidade.

As instituições de Educação Infantil que possibilitam às crianças interagir e ter acesso a aprendizagens significativas e cuidados profissionais de boa qualidade criam condições inegáveis de promoção do desenvolvimento integral e promovem relações sociais saudáveis. Por outro lado, a convivência de bebês e crianças pequenas em ambiente coletivo, associada, às vezes, ao desmame precoce, pode aumentar o risco de que eles adquiram infecções respiratórias, gastrointestinais e outras doenças prevalentes em menores de cinco anos, o que requer cuidados e medidas de controle específicas.

Assim, é preciso que os profissionais da educação reconheçam seu papel na promoção da saúde da criança, e que os profissionais de saúde ultrapassem o discurso sobre a creche como ambiente de risco e a reconheçam como rede de apoio efetiva para a infância brasileira.

Glaura César Pedroso

Segundo a Constituição Brasileira, a educação não é privilégio de alguns, mas direito de todos e dever do Estado e da família. Entretanto, as mudanças que ampliaram o acesso à educação não foram acompanhadas de uma inclusão efetiva de todas as crianças no processo de aprendizado.

A Saúde Escolar, por sua vez, evoluiu de um modelo higienista (final do séc. XIX), para uma “Medicina escolar” (século XX), que agrupou especialistas em torno da escola e estabeleceu programas assistenciais e terapêuticos. Hoje se compreende que esse processo levou a uma verdadeira MEDICALIZAÇÃO das questões da educação, sem resultar em melhora da qualidade de vida da comunidade escolar. Até hoje, a demanda da escola para os serviços de saúde tem um forte componente clínico-assistencial. Por parte da saúde, predomina uma postura normativa, que prescreve práticas e condutas, sem levar em conta as especificidades do setor de educação.

Faz-se necessário, portanto, buscar um novo olhar sobre a escola e sobre as questões de saúde que nela surgem, de modo a corresponder aos novos conceitos sobre saúde, educação e trabalho interdisciplinar. Além disso, a garantia do direito à educação deve contemplar a acessibilidade, o apoio educacional especializado e todos os elementos necessários à proteção à criança e promoção do desenvolvimento, numa perspectiva inclusiva. A permanência da criança em tempo integral também aumenta a responsabilidade da escola no cuidado e proteção à criança. Não se trata de mais uma tarefa, mas de outra forma de pensar a escola e seu cotidiano.

A Carta de Ottawa define Promoção da Saúde como “Processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, com maior participação no controle deste processo”. Desta forma, saúde passa a ser entendida como produção social e direito de cidadania, que envolve responsabilidades e direitos de indivíduos e comunidades e exige trabalhar com a Intersetorialidade e participação comunitária. A Portaria No. 687/2006 estabelece a Política Nacional de Promoção da Saúde, coerente com os princípios e diretrizes do SUS.

São campos de ação para promoção da saúde: Elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis; Criação de ambientes favoráveis à saúde; Participação comunitária; Desenvolvimento de habilidades pessoais; Reorientação dos serviços de saúde (Carta de Ottawa, 1986).

A escola, por ser um espaço privilegiado para a formação de cidadãos mais críticos, construção de conhecimentos e valores, torna-se um local que oferece grandes oportunidades de promoção da saúde com a criação de ambientes saudáveis, formação de hábitos, desenvolvimento de habilidades / competências para a vida, com potencial para estender seus resultados ao entorno e à comunidade escolar.

Escola Promotora de saúde é aquela na qual alunos, professores, funcionários, pais e familiares atuam em conjunto para melhorar a qualidade de vida, a educação, a saúde e o ambiente em que vivem, trabalham e se desenvolvem. São componentes da Escola Promotora de Saúde: Educação em saúde com enfoque integral; constituição de ambientes saudáveis e seguros e articulação com serviços de saúde.

As ações de saúde na escola passam a ser transversais, integradas e fazer parte do projeto político pedagógico. Promove-se a participação ativa da comunidade escolar, evitando-se ações fragmentadas que tratam alunos e professores como objetos ou instrumentos; a promoção da saúde na escola deve ter caráter interdisciplinar e intersetorial.

Educação em saúde com enfoque integral é aquela que, ao invés de estudar doenças, estimula a reflexão crítica; favorece a busca de soluções coletivas para os problemas da comunidade; está inserida no projeto político pedagógico da escola; é contextualizada e significativa; busca ser transformadora (e para isso precisa ser participativa, democrática)

A construção de ambientes saudáveis e seguros se preocupa com o espaço físico da escola e comunidade, instalações sanitárias, coleta de lixo, ventilação, iluminação, acessibilidade e outros; mas também visa os aspectos emocionais e as relações interpessoais, construindo uma cultura de solidariedade e paz.

A articulação e reorientação dos serviços de saúde visa garantir o acesso aos serviços de saúde nos diferentes graus de complexidade, oferecendo atenção integral, segundo os princípios e diretrizes do SUS.

Estes três componentes essenciais se desdobram em diversas ações, tais como:

- Promoção da alimentação saudável, por meio de estratégias que garantam a todos o acesso ao alimento em quantidade e qualidade adequada; programas de alimentação escolar; estímulo à opção por alimentos saudáveis.

- Incentivo à prática de atividade física, com práticas inclusivas e adequadas à idade e desenvolvimento.

- Promoção da a auto-estima, por meio do estímulo à convivência com carinho, respeito e afeto; incentivo ao protagonismo de crianças e adolescentes.

- Estímulo ao bom desempenho escolar, propiciando a construção da cidadania e o desenvolvimento de uma visão mais crítica sobre as condições de vida e saúde da comunidade.

- Desenvolvimento de habilidades para a vida: destreza, conhecimento, juízo crítico, criatividade, capacidade de comunicação, resolução de problemas e conflitos sem violência.

- Educação em sexualidade e Saúde Reprodutiva: abordagem crítica do tema; oficinas com professores, alunos e familiares; garantia de acesso aos serviços de saúde sempre que necessário.

- Estímulo às situações protetoras: relações de convivência com carinho e respeito; promoção de vínculos na família, na escola e nos serviços de saúde; contribuir para políticas de esporte, lazer, cultura, geração de renda...

- Prevenção de acidentes e violência: Cuidar do ambiente físico, oferecer opções não violentas, oferecer apoio à família e ao adolescente, constituir a rede de proteção à criança e ao adolescente

- Outras demandas: problemas de pele, oculares, auditivos, de saúde bucal e outros devem, sempre que possível, servir como oportunidade para uma atenção integral e para a promoção da saúde.

Construir escolas promotoras de saúde nos coloca frente a vários desafios: promover a participação comunitária no planejamento, execução e avaliação das ações de promoção da saúde; realizar um trabalho interdisciplinar e intersetorial; respeitar as relações interinstitucionais e a cultura de cada setor ou instituição; respeitar às tarefas específicas de cada setor, sem invasão da saúde nas tarefas próprias da educação e vice-versa; superação do modelo “biomédico” e da concepção de saúde como produto ou mercadoria; busca de financiamento e gestão intersetorial para ações de promoção da saúde.

É preciso valorizar os profissionais da educação e da saúde, reduzindo sua rotatividade; oferecendo remuneração e condições de trabalho adequadas; garantindo oportunidades de educação permanente / continuada; promovendo, protegendo e recuperando a saúde do educador.

As ações de promoção da saúde na escola precisam ser criativas, ágeis, descentralizadas; conhecer a realidade local, com suas situações de risco e de proteção, seus indicadores de saúde, características ambientais e culturais; fazer parte de redes de comunicação, apoio e troca de experiências; contribuir para a produção de conhecimento interdisciplinar; discutir e propor soluções para problemas locais. A Escola Promotora de Saúde exige um compromisso político e social e se torna responsabilidade de todos, construída e assumida no dia-a-dia, no trabalho em equipe e na valorização da criança e do adolescente; como protagonistas e sujeitos de necessidades e direitos, rumo ao desenvolvimento de sua cidadania.

+ - Entender e compreender o mundo: a leitura e escrita na Educação Infantil

Rosangela Veliago

As crianças, desde muito cedo, se mostram curiosas pelo mundo que as rodeia. Elaboram suposições sobre o funcionamento dos objetos, dos fenômenos naturais e dos seres vivos. Muitas vezes, também se mostram interessadas em aprender a escrever seu nome, a escutar histórias, a imitar a escrita adulta... É nesse contexto, que a Linguagem Oral e Escrita pode ganhar um espaço de destaque na Educação Infantil.
Nesse eixo do conhecimento, consideram-se as pesquisas relacionadas ao acesso à cultura escrita, no espaço escolar, como possibilidade de entender e interpretar o mundo. Para exemplificar, discutiremos algumas modalidades de organização do conhecimento que podem potencializar a aproximação das crianças às práticas letradas.

Patricia Bohrer Pereira Leite

Temos a convicção de que a leitura é um direito, visto que ela é um instrumento fundamental para o processo formativo e para o aprender. Os diversos instrumentos de conhecimento são os meios seguros que nos permitem apreender a realidade, ter o desejo de participar dela e quem sabe, de transformá-la, desde pequenos.

Várias experiências mostraram que quando lemos histórias para crianças e jovens que não sabem ler, eles se encantam ao descobrir um universo que muitas vezes ignoravam. Sabemos através das contribuições de Emília Ferreiro que até o terceiro ano de vida não existem diferenças em relação ao interesse pela língua escrita em função do meio sócio cultural. O que é determinante até esta idade é muito mais se a criança recebe cuidados e atenção necessária para se desenvolver.

Encontramos diferenças importantes no desenvolvimento psíquico das crianças que viveram, desde que nasceram, cercadas de culturas nas quais a linguagem que conta histórias- linguagem narrativa- é presente e predominante e aquelas onde reina a concretude e as tensões mal elaboradas, entre as crianças de famílias que tem livros e a leitura é praticada e aquelas que vivem excluídas deste universo.

O desenvolvimento psíquico e o desenvolvimento da linguagem dependem de dois fatores: da segurança psíquica (emocional) das crianças e de comportamentos externos que lhes permitam o acesso à linguagem e a transmissão cultural em todos os espaços de sua vida cotidiana.

Estamos falando aqui da promoção e valorização de ações que possibilitem que as crianças sejam introduzidas na riqueza da cultura a qual pertencem desde o seu nascimento - e que auxiliem a transmissão cultural entre as gerações. É uma forma essencial de impulso a leitura do mundo, transmitimos assim a importância do ato de compartilhar, a importância do lúdico, da estética e fundamentalmente da poesia. Em nossos tempos o veículo concreto da linguagem narrativa são os livros de literatura; no que concerne a infância, por exemplo, esta é a sua função principal.

Quando familiarizamos os pequenos com os livros e as leituras, eles querem se apropriar das histórias que os livros contam, e, mais tarde, no momento da aprendizagem, este desejo e o conhecimento já adquirido irão facilitar sua aquisição da escrita e da leitura.

É desta capacidade de jogo com a linguagem que dependerá em grande parte o desenvolvimento de seu espaço psíquico interno, de sua capacidade de imaginação, abstração (de desenhar, brincar, contar histórias, pensar, aprender etc.). Dito de outra forma que lhe permitirá nomear, apreender e compreender, enfim participar do mundo que a rodeia, manter viva sua curiosidade e cada vez mais ter desejar de aprender.

+ - O lugar da arte na infância e na escola

Ana Angélica Medeiros Albano

A Psicologia reconhece, há muito tempo e através de diferentes pesquisas, a importância de incentivar a imaginação infantil, que toma forma nas brincadeiras e nos desenhos das crianças. A Escola, no entanto, parece alheia a estes estudos, propondo, ainda, atividades artísticas orientadas para a cópia de artistas reconhecidos e restringindo o espaço de criação ao intervalo do recreio. O objetivo da conferência é propor uma reflexão sobre a importância de favorecer a atividade artística na primeira infância, para expressão da identidade, constituição da alteridade e relação com o mundo

Stela Barbieri

Trabalhar com arte na escola começa pela experiência que todos os colaboradores têm em sua corrente sanguínea. A formação estética de toda a comunidade de cada escola impregna o lugar de informações e ações éticas e estéticas. A experiência de vida de cada um deles permite que se envolvam com as questões do mundo de maneira singular, se deixando atravessar, participando e interagindo com as outras pessoas e contagiando as crianças com essa atmosfera.

Algumas maneiras de interação que vamos abordar durante a palestra:
» Ações poéticas para professores
» Organização de ateliê
» Oficinas para crianças

+ - Da Construção de Valores

Valéria Amorim Arantes

Entender o funcionamento psicológico do ser humano e como cada pessoa se relaciona consigo mesma e com o mundo à sua volta pode ajudar na construção de procedimentos e estratégias educativas mais "eficientes" no sentido de permitir a construção efetiva de valores éticos desejáveis por uma sociedade que almeja promover o desenvolvimento humano calcado na justiça social, a igualdade, a equidade e a felicidade para cada um e todos os seres humanos. Este é o ponto de partida para a proposição de procedimentos e estratégias que promovam uma educação em valores de ética, de democracia e de cidadania.

Com esse objetivo, iniciaremos a conferência apresentando o conceito de valores segundo Piaget (1953/1954). Para o autor, os valores são construídos a partir das projeções afetivas que o sujeito realiza com o exterior, objetos ou pessoas, considerando-os, assim, como pertencentes à dimensão geral da afetividade. Fazendo jus ao pressuposto epistemológico interacionista e construtivista, Piaget postulou que os valores não são nem predeterminados e nem internalizados; são, pois, resultantes das ações do sujeito sobre o mundo objetivo e subjetivo em que vive. Também devemos a Piaget a idéia segundo a qual não existem estados afetivos puros, sem elementos cognitivos, assim como não existem atividades puramente intelectuais, sem afetos. Dentro de tal perspectiva, tomaremos a resolução de conflitos como eixo organizador da educação em valores.

+ - Matemática nas séries iniciais

Ana Ruth Starepravo

Tradicionalmente, ensinar matemática consiste em apresentar conceitos, seguidos da exemplificação e de numerosos exercícios de fixação. O professor explica a “matéria” e apresenta exemplos que devem ser usados como modelos pelos alunos para resolver os exercícios. O foco está no conhecimento social: definições, regras, fórmulas e algoritmos, transmitidos como fins em si mesmos. Esse modelo limita a atividade intelectual do aluno, pois não requer o enfrentamento de situações novas, de situações-problema. Um problema propõe uma questão cuja solução é desconhecida pelo aluno e cujo método de solução não é imediatamente acessível, exigindo dele a coordenação de esquemas, a investigação, o estabelecimento de relações. Nesse sentido trata-se em uma situação altamente propícia para o desenvolvimento do raciocínio lógico e para a aprendizagem de matemática. É necessário que os professores dos anos iniciais compreendam que problema é diferente de exercício e organizem suas aulas em torno da resolução de problemas, dando oportunidade aos seus alunos para elaborarem procedimentos pessoais de solução e discutir sobre diferentes estratégias e procedimentos em vez de repetir os modelos apresentados pelo professor.

Priscila Monteiro

“O ensino da matemática ocupa um lugar central no currículo escolar. Nos anos iniciais da escolaridade o sistema de numeração é o elemento chave. É o primeiro sistema matemático convencional que as crianças se deparam e é o instrumento de mediação de outras aprendizagens matemáticas. Quando se pensa no sistema de numeração como conteúdo de ensino, é necessário considerar que se trata de um objeto complexo, de um produto cultural que constitui uma resposta –entre outras produzidas no curso da história- que os homens elaboraram para resolver os problemas que enfrentavam ao representar quantidades e operar com elas. A análise do ensino usual do sistema de numeração nos permite observar o quão difícil é ́que as crianças tenham oportunidade de compreender a natureza do sistema em virtude das restrições no tratamento didático do objeto. Um dos componentes fundamentais da nossa proposta didática se baseia em que as situações propostas coloquem as crianças em interação com o objeto de conhecimento, o sistema de numeração, em toda sua complexidade. Assim, torna-se imprescindível saber como as crianças estabelecem relações, transformam e reorganizam seus conhecimentos sobre as características do sistema de numeração posicional.”

Minicursos

+ - Construção de Jogos e Brinquedos

Adriana Klisys

Por meio de exemplos práticos de projetos e propostas de construção de jogos e brinquedos o curso tem finalidade de ajudar a equipe educativa no planejamento de projetos consistentes de criação de uma cultura lúdica baseada na construção das crianças e não meramente no consumo de brinquedos industrializados.

+ - Educação Física na 1ª infância

Marcos Mourão (Marcola)

Neste curso serão abordados os princípios norteadores para o desenvolvimento de uma proposta de base construtivista de educação física para a 1a. infância (0 aos 6 anos) e os eixos de trabalhos relacionados ao corpo e movimento (circuitos, oficinas de percurso, jogos corporais e brincadeiras tradicionais).

+ - Desenvolvimento de competências na oralidade

Maria Lucia Vasconcelos
Nancy Casagrande
Neusa Barbosa Bastos

Na contemporaneidade, cumpre enfrentar o desafio do desenvolvimento da competência linguística dos alunos no que tange à escrita e à oralidade. As preocupações em torno da escrita tem estado em tela, enquanto a oralidade tem ficado um pouco à margem. Nesta oficina, objetivamos auxiliar os professores em geral, para o ensino de produção oral nas escolas, para que realmente promovam o desenvolvimento da competência da oralidade em seus alunos. Propomos uma forma de abordar a Pedagogia da oralidade em sala de aula, ressaltando-a dentre as demais Pedagogias: a da leitura, a da escrita e a léxico-gramatical necessárias aos usuários da Língua Portuguesa. Nosso foco, neste trabalho, é o ensino das falas adequadas aos diferentes contextos de uso, o que é propagado pelos PCN.

+ - A arte de contar histórias

Kika Antunes

OBJETIVO
Trabalhar prática e teoricamente com os vários aspectos da noção narrativa, utilizando-o no trabalho de “contação” de histórias

METODOLOGIA
Exposição de conceitos, discussão, exercícios práticos, distribuição de apostila e textos

PROGRAMA
- Exercícios de sensibilização
- Exercícios de atenção e concentração como requisitos básicos
- Leitura de textos e discussão
- Desdobramentos do narrador
- Exercícios a partir de histórias
- Narração de uma história

+ - A implantação do PBL (Aprendizagem baseada em Projetos) no Fundamental I

Fernanda Bellanga

UM POUCO DA HISTÓRIA DAS METODOLOGIAS PBL E PROJETOS DE TRABALHO

- Fernando Hernández;
- Escola Pompeu Fabra, 1987/1988;
- Projetos de Trabalho X Centros de Interesse;
- Dispersão das estruturas disciplinares.

PROJETOS DE TRABALHO:

- Uso de problemas da vida real para ensino;
- Universidade McMaster (Canadá), final de 1960;
- Baseado no método dos Estudos de Caso, 1920, Universidade de Harvard (Medicina);
- Dr. Barrows, um dos primeiros a aplicarem o método.

APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS:

UMA PARTE DO PROCESSO NA ORGANIZAÇÃO POR PROJETOS DE TRABALHO

As 6 Etapas da Organização de um Projeto de Trabalho:

1) A escolha do tema:
A partir dos conhecimentos prévios dos alunos, definir um tema que será desenvolvido ao longo do projeto;

2) As atividades que serão desenvolvidas pelos professores:
Como, passo a passo, ao longo do processo, o tema será encaminhado pelo professor? O que será lido sobre o tema por ele e seus pares, onde farão pesquisas que orientem o projeto dentro do tema;

3) As atividades dos alunos no projeto:
Como os alunos irão se aproximar do tema? Quais atividades serão desenvolvidas por eles?
Onde buscarão informações? Em quais momentos e de que forma avaliarão as informações que forem encontrando?

4) A busca coletiva das fontes de informação:
Alunos e professores buscam, coletivamente e juntos, as fontes de informação, tais como sites, livros, revistas, artigos etc. Diálogo constante entre aluno e professor para mediação da pesquisa: o que você achou? Vamos analisar juntos?

5) A criação e organização de índices:
O tema seria trabalhado em etapas, divididas por ciclos de tempo, ou metas. Por exemplo: na primeira etapa, planeja-se que se permaneça por um mês, ou até que se chegue a determinado objetivo. Os índices, assim, seriam esquemas escritos, elaborados pelo professores, ou em parecia com os alunos e que ajudariam a avaliar, por escrito, o que já foi feito, o que falta fazer, quais informações foram encontradas etc.

VEJA UM EXEMPLO, A SEGUIR!

O CORPO HUMANO

PRIMEIRO ÍNDICE: Situação Inicial

A. Índice:
- Como é formado o corpo humano?
- Existem relações entre suas partes?
- Qual a importância de compreender seu funcionamento?
B. Fontes de informação:
- Livro didático, Artigo de revista científica e sites determinados pelo professor;
C. Técnicas de trabalho:
- Montar um cartaz sobre o conteúdo estudado, apresentando o que foi visto;
D. Duração prevista:
- 2 semanas.

6) Sintetizar o que foi aprendido/pesquisado através de uma produção textual : Os alunos fazem um registro do processo e do que foi aprendido durante seu desenvolvimento através de um dossiê, ou outra produção, ou gênero textual definido previamente. Depois de se cumprirem as etapas, avalia-se o processo e o projeto e segue-se para o desenvolvimento de outro projeto...

Projeto da Escola Municipal Francisco Aragão Silva na área de Ciências.
Vale lembrar que, na proposta original espanhola, só havia Projetos nas áreas de Ciências Sociais (Geografia, História, Sociologia...) e Naturais (Biologia, Física, Química...).

UMA PARTE DO PROCESSO NA ORGANIZAÇÃO DA APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS (PBL)

- O aluno em contato direto com a realidade, ou com situações que a simulem;
- A aprendizagem não será, necessariamente, lógica e sequencial;

A APRENDIZAGEM NA METODOLOGIA PBL:

- Construção do conhecimento em rede;
- Os alunos são responsabilizados pelo seu desenvolvimento e comportamento o tempo todo; Assim, a nota atitudinal tem peso maior;
- Produção COLETIVA na maior parte do tempo: mudanças no espaço.

Alguns fundamentos da Metodologia PBL:

Interação social: durante todo o processo, professores e alunos interagem investigando informações, lidando com os problemas propostos, e levantando novas questões: o professor deve dar o mínimo de orientações, de modo que o aluno e seu processo individual e coletivo de partilha do conhecimento esteja em foco.

Motivação epistêmica: Na aprendizagem baseada em problemas, a motivação é muito importante. A ideia é que ela impacte o grupo de alunos, motivando-os a conhecer melhor o objeto de estudo.

O PROBLEMA TERÁ COMO OBJETIVO:

- Entender um fenômeno intrigante;
- Encontrar uma maneira melhor de fazer algo;
- Encontrar uma melhor forma de projetar alguma coisa;
- Construir algo ou criar uma obra de arte.
- Também deverá compreender uma tarefa concreta, que simule ou represente uma situação real;
- CRITÉRIOS: integrar diferentes disciplinas, alto potencial de impacto e fraca estruturação.
- Quanto MENOS estruturado o problema, MAIOR a probabilidade de desenvolvimento do aluno.
- DESAFIOS ACADÊMICOS: São aqueles que partem de perguntas que vêm do próprio conteúdo disciplinar;
- CENÁRIOS: São simulações em que os alunos assumem papéis condizentes com ações reais;
- PROBLEMAS DA VIDA REAL: Lidar com problemas que pedem soluções reais por pessoas ou organizações reais.

TIPOS DE PROBLEMAS:

COMO APRESENTAR O PROBLEMA?
De modo geral, os problemas são apresentados através da leitura de um texto, um vídeo, uma dramatização, uma imagem, uma entrevista ou qualquer outro disparador (trigger) que apresente o problema.

NA PBL, O QUE SE ESPERA DO ALUNO?

Espera-se do aluno que ele:
- EXPLORE o problema, levantando hipóteses e questões;
- TENTE RESOLVER o problema com o que sabe;
- IDENTIFIQUE o que não sabe e o que precisa saber para solucioná-lo;
- PRIORIZE metas e objetivos;
- PLANEJE o que vai fazer e delegue ações aos colegas;
- COMPARTILHE com os colegas todo conhecimento que encontrar no processo;
- APLIQUE o que descobrir na solução do problema;
- AVALIE o processo e o que foi descoberto.

NA PBL, O QUE SE ESPERA DO PROFESSOR?
Que seja um mediador e um agente de mudanças

RIBEIRO, L. R. C. A aprendizagem baseada em problemas (PBL): uma implementação na educação em engenharia na voz dos atores. pp.32-59, pp.107-135. UFSCAR, São Carlos, 2005.

+ - Os desafios da escola para todos

Maria da Paz Castro (Gunga)

A questão da inclusão vem ocupando um espaço cada vez maior nas discussões travadas no meio educacional, e trazendo para nós, professores e educadores de uma forma geral, a necessidade de uma reflexão cada vez mais ampla acerca do assunto, bem como a construção de estratégias para atender a todos os alunos dentro de uma mesma sala de aula.

Este curso pretende disparar uma reflexão acerca desta questão, por meio de breve exposições e dinâmicas tendo como objetivos a (re) construção do olhar do educador, visando a gradual transformação da prática em sala de aula.

+ - Os jogos e a construção da noção de número na Educação Infantil e nos primeiros anos do Fundamental I

Maria Carolina Villas Boas

O objetivo deste minicurso é:
1. apresentar jogos de regras que envolvam contagens, notação, comparações de quantidades e cálculo mental,
2. discutir sua utilização na Educação Infantil e primeiros anos do Ensino Fundamental,
3. refletir sobre planejamento, criação de situações-problema, observação de erros e construção de estratégias;
4. analisar o uso de jogos como recurso para a construção da noção de número.

+ - Arte e educação, uma teia de diversas linguagens

Kika Almeida Mendes

Os saberes estão em toda a parte e seus fios podem partir de uma ideia, de uma sensação, de um raciocínio, de um gesto, de uma dor, de uma alegria. Lógica e sentimento, razão e emoção, andam juntos, também para ensinar, também para aprender, especialmente nestes novos tempos em que a informação cabe no bolso de nossos alunos.

A invenção e a imaginação, as diversas conexões, as relações entre conhecimentos: em tempos de revolução das formas de aprender, de agir, de estudar, de trabalhar, qual é o papel da arte, qual é o papel da educação?

Um dos caminhos possíveis: várias linguagens como vídeo, stop motion, fotografia, desenho, música, dança, e tantas outras, para tecer - conhecimento.

Conferencias

+ - Algumas referências de projetos pedagógicos na educação infantil

Maria Paula Zurawski

Ao longo da história da Educação Infantil, diferentes maneiras de pensar e organizar ambientes foram criadas e vividas por crianças, professores, gestores, equipes de apoio e famílias. Nos últimos anos, a Educação Infantil brasileira vem passando por transformações significativas, trazendo a necessidade de discutir e entender a própria natureza desta instância dentro do Ensino Básico na atualidade. A ideia da criança como sujeito de direitos, a integração das práticas de cuidado e educação nas creches e escolas de Educação Infantil e, no âmbito normativo, a apresentação de novas diretrizes curriculares para a Educação Infantil (2009) estimulam escolas públicas e privadas a reorganizar suas propostas pedagógicas e qualificar seus ambientes e práticas. Diante dos desafios que a Educação Infantil contemporânea nos impõe, é importante revisitar e repensar algumas referências importantes de projetos pedagógicos, significativos em diferentes épocas, com o objetivo de apoiar educadores a identificar concepções presentes em suas práticas, e elaborar possibilidades de intervenção e construção de ambientes, organizando-os, principalmente, a serviço da experiência infantil, principal característica do ambiente educativo contemporâneo.