SINPRO-SP

PALESTRA DE ABERTURA

"A neurociência do aprendizado"

Suzana Herculano-Houzel

A palestra tem por objetivo apresentar aos profissionais de áreas relacionadas ao ensino as várias descobertas recentes da neurociência relevantes ao processo de ensino e aprendizado. Tópicos a serem abordados serão o processo cerebral do aprendizado; a importância da atenção e da motivação para o aprendizado; a formação da memória e o papel essencial do sono para sua consolidação.
A apresentação será direcionada para profissionais da área de ensino (professores, diretores, coordenadores, orientadores educacionais), não-especialistas em neurociências, e seu conteúdo será portanto apresentado de forma acessível a profissionais de todas as especialidades.

MESAS REDONDAS

Ensino de Ciências nas séries iniciais do Ensino Básico

Celi Rodrigues Chaves Dominguez

A ludicidade como caminho possível para a apropriação de conhecimentos científicos por crianças pequenas
Se, de um lado, é comum entre professores de crianças pequenas resistirem à abordagem de assuntos científicos, de outro, para as crianças, esses temas costumam ser interessantes e atraentes. Quando elas têm oportunidades de “brincar com as ideias” sobre os seres vivos, suas falas e desenhos revelam uma grande capacidade de se apropriarem de vários elementos da cultura científica. Assim, pretendemos discutir algumas situações em que essa apropriação ocorreu entre crianças pequenas, procurando elencar quais os fatores que possibilitaram que elas tivessem um contato lúdico e prazeroso com os conhecimentos científicos e de que modo isso contribuiu para que pudessem se apropriar desses conhecimentos. Intenciona-se, assim, contribuir com professores atuantes neste segmento do Ensino Básico no sentido de apontar possibilidades de trabalho para a aproximação entre crianças e cultura científica.

Célia Maria Lira Jannuzzi

A proposta dessa apresentação é relatar uma experiência, que aconteceu no município de Santo Antônio de Pádua, no estado do Rio de Janeiro, envolvendo educadoras infantis em uma escola pública e algumas alunas do curso de Pedagogia, bolsistas do PIBID. Essa experiência consistiu no desenvolvimento de uma oficina sobre “Construção de Viveiro Vertical” e como, a partir dela, foi possível detectar algumas dificuldades de compreensão de conteúdos na área de Ciências, tanto pelas professoras quanto pela alunas do curso de pedagogia, que emergiram durante a atividade. Uma atividade de 90 minutos, que na avaliação das participantes foi um tempo insuficiente, suscitou questões que desencadearam ações, como o oferecimento de outras oficinas e uma pesquisa, em fase inicial, voltadas para a formação de professores no município. Nesse sentido, o relato dessa experiência é um convite para a realização de uma reflexão sobre a formação do professor que atua na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental.

"A educação ambiental como direito do cidadão e da cidadã"

Marcos Reigota

No histórico da educação ambiental brasileira nos deparamos, em diferentes momentos, com propostas normativas de educação ambiental que a querem como uma disciplina obrigatória nos currículos escolares.
Alguns grupos apoiam essa proposta de forma clara e direta e outros grupos de forma mais sinuosa. Nesse histórico localizamos uma dicotomia entre os grupos que são favoráveis e contrários à educação ambiental como disciplina. Não pretendo abordar esse assunto pois minha posição nesse debate ao longo desses anos é de conhecimento público. Gostaria de compartilhar e dialogar com os/as colegas a reflexão, os estudos e pesquisas que estou realizando nos últimos meses sobre a educação ambiental como um direito dos cidadãos e das cidadãs.
Esse estudos e pesquisas reafirmam o ponto de partida do processo em que defini, no inicio dos anos 1990,a educação ambiental como educação politica que se manifesta em práticas sociais e pedagógicas cotidianas em diversos espaços de aprendizagem, de diálogo de conhecimentos e de desconstrução de representações. Enfatizam as noções de direito à educação ambiental na tentativa de distanciá-la das propostas normativas, de higienização e de biopolítica de controle da população.
Reafirmo também o seu compromisso político, considerando as práticas pedagógicas cotidianas como micropolíticas produtoras de sentido.
Nesse sentido a educação ambiental que pretendo discutir com os/as colegas faz um contraponto com as chamadas políticas públicas normativas de educação ambiental que mesmo afirmando a diversidade de práticas e bases politico-pedagógicas, controlam e definem o que deve ou não ser discutido nos espaços escolares, o que é ou o que não é educação ambiental, sem que os sujeitos (professores, alunos, gestores de escolas, funcionários e pais), possam participar da construção e definição desses critérios e desenvolver as práticas que lhes são mais adequadas e nas quais se reconheçam como cidadãos em movimento e em exercício de seus direitos.
Os argumentos acima esboçados se pautam nas contribuições da Teoria da Justiça, dos Estudos Culturais, da Ecologia Inventiva e na leitura pós-moderna da pedagogia freireana.

Solange dos Anjos Castanheira

Nos dias atuais vive-se um reflexo das insanas investidas do homem sobre a Terra: nossa morada, nosso meio ambiente, vem sendo dizimado sistematicamente em prol de uma força motriz que impulsiona a humanidade em direção ao desenvolvimento econômico, político, tecnológico, e até mesmo, científico, mas sem a devida preocupação ou controle dessas mesmas ações e de suas conseqüências quer sejam sobre o planeta ou sobre nós mesmos. Será que todos os riscos em médio e longo prazo são medidos ou considerados? A resposta é bem simples: não!
Nossas cidades crescem continuamente tanto por nascimentos quanto por migrações. Não é nenhuma novidade a ocorrência de uma grande concentração populacional nas megalópoles em busca de melhores condições de vida.
Todavia essas populações migrantes quando tentam se estabelecer nos grandes centros urbanos (já superpovoados e sob estresse sócio-econômico e ambiental) se deparam com uma competição acirrada e com situações muitas vezes mais difíceis e constrangedoras do que as encontradas em suas próprias localidades de origem.
O estresse gerado pelo acúmulo de pessoas causa danos ambientais severos em virtude da máxima utilização de recursos e de espaço para atender minimamente as necessidades de todos os seus habitantes. Além disso, há a mega geração de resíduos decorrentes das atividades humanas que comprometem sobremaneira o meio ambiente urbano já altamente antropizado.
Seria correto afirmar que a migração interna, provocando excessos populacionais, por si só é a responsável pela queda na qualidade de vida nas grandes cidades ou esse fenômeno seria básica e verdadeiramente um reflexo de estímulos e de práticas políticas mal orientadas e mal encaminhadas?
Poucos ganham muito e muitos ainda vivem abaixo da linha da miséria. Será que todo brasileiro tem acesso às inovações tecnológicas, a tratamentos médicos de qualidade, a estudos universitários, a espaços recreativos confortáveis e seguros? Alguns até poderiam justificar isso como diferenças sociais que nos acompanham desde tempos imemoriais ou ainda que por sermos uma nação com muitos “Brasis” dentro do Brasil é muito difícil atender a todas as suas necessidades. Seriam essas posturas totalmente verdadeiras ou simples cortinas de fumaça?
O fato de o Brasil ser constituído por uma multiculturalidade e plurietnicidade pode ser vista como a nossa mais marcante alavanca em direção a melhoria da qualidade de vida, principalmente nos grandes centros urbanos. Uma esfera em que a Educação Ambiental pode e deve trabalhar com bastante liberdade e segurança em busca de um senso de cidadania e de responsabilidade que nos permita encarar os sistemas naturais como parte de nós mesmos e, dessa forma, cuidar do meio ambiente com cuidamos de nossos filhos, principalmente em um momento em que há instalada uma desresponsabilização. O ”eu não tenho nada com isso!” tem sido a resposta de muitas pessoas para ignorar os problemas ambientais ou simplesmente transferir suas próprias responsabilidades.
Dessa forma, há o que se refletir: será que realmente vivemos uma crise ambiental ou vivemos, de fato, uma crise de valores sociais e éticos?
A cada passo que damos em direção ao futuro deixamos para trás as marcas do passado. Essas marcas, no entanto, nos têm ensinado a viver o tempo presente?
A resolução de tais problemas emergentes ancora-se em duas palavras-chave: educação e informação. Entretanto, somente informar não basta para que mudanças de comportamento sejam implementadas. É necessário que as pessoas estejam de fato sensibilizadas para que ocorra o despertar de suas consciências e deflagrar seu envolvimento com os problemas ambientais e com suas soluções.
Educar, profissionalizar, oferecer acesso ao conhecimento e às novas tecnologias, orientar e encaminhar para um mercado de trabalho altamente competitivo, não seriam as melhores ferramentas para se construir um país no qual as diferenças sociais poderiam ser minimizadas?
É o momento de instruirmos a população, conduzirmos nossos esforços na direção do despertar de novos cidadãos cônscios de seus deveres e capazes de agir, sem medo de chamar para si as responsabilidades diárias, incluindo nelas a proteção ambiental e o uso adequado dos recursos naturais disponíveis.
Além do que também é o momento de chamar a atenção daqueles que fazem política para que esta seja direcionada consoante as necessidades de todos.
É necessário quebrar o círculo vicioso do “eu tenho que levar vantagem em tudo!” com o potencial transformador inerente a cada um para o “nós podemos construir um país ético” que valoriza seus cidadãos como devem ser e com respeito, dignidade e qualidade de vida.
Diante desse quadro e da conexão entre Educação Ambiental e Cidadania podemos refletir diante de uma das poesias de Olavo Bilac:

Ouvir Estrelas
Ora (direis) ouvir estrelas!
Certo, perdeste o senso!
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouvi-las,
muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto

E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido tem o que dizem,
quando estão contigo?"

E eu vos direi:
"Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.

Se extrapolarmos a mensagem dessa poesia para nossas ações em Educação Ambiental enquanto cidadãos e para os reflexos que causamos por onde passamos, sempre ouviremos de alguns que somos loucos em pensar o que pensamos, em fazer o que fazemos e que certamente perdemos o senso, mas é importante ressaltar que devemos educar não importando as dificuldades do processo para fechar o seguinte círculo: "só cuida quem se importa, só se importa quem ama, só ama quem conhece e só quem conhece se importa!".

"Ensino de Genética e Hereditariedade"

Cristiane Furlaneto

O Brasil é um país em franco desenvolvimento, entretanto somente 1% dos nossos jovens escolhe carreiras científicas, porque isto está ocorrendo? O que faz com que estes jovens não se interessem pela ciência? É possível que esteja ocorrendo carência de informação ou mesmo de orientação, mas o fato concreto é que não estamos conseguindo cativar nossos jovens para a ciência, aquela ciência que satisfaz a curiosidade básica do ser humano, que responde como funciona o corpo humano, como se comportam as plantas, os animais e o meio ambiente, enfim como se comporta o universo, este conhecimento compreende o que chamamos de Ciência Básica. É através do conhecimento obtido pela ciência básica que podemos aplicá-la, por exemplo, para o desenvolvimento de novos medicamentos, para a melhoria dos transportes e comunicação, enfim para a melhoria da qualidade de vida de todos os seres vivos em nosso planeta, para tanto a ciência não caminha só, ela necessita de parceria com a tecnologia que nos permita desenvolver a nanotecnologia, a biotecnologia e a bioinformática, proporcione conhecimento e, por conseguinte respeito à biodiversidade, além de muitas outras áreas. A busca por melhoria na qualidade de vida determina que existe espaço e real necessidade mercadológica de cientistas, entretanto, antes de mais nada é preciso cativar e encantar nossos jovens para a “velha” ciência básica, função exercida em grande parte pelos professores através do estímulo a leitura e curiosidade que pode ser despertada em um pequeno laboratório escolar ou fazendo uso de novas tecnologias. Encantar e cativar pela ciência é essencial para que nossos jovens possam colaborar para a construção de um futuro melhor para todos.

Debora Ap. Rodrigueiro

A genética é uma disciplina lógica, e os insights e ferramentas derivadas da física, química e informática utilizados pelos geneticistas frente aos problemas e, para fenômeno da vida em si pode ser a estratégia do ensino da hereditariedade. Além disso, a genética difere da maioria das ciências em função da sua aplicabilidade imediata para a vida humana e as decisões.
Os jovens estão muito envolvidos com as questõs de quando começa a vida, do risco de não-disjunção cromossômica, e alguns deles estarão envolvidos com o desejo de um doador compatível de células-tronco. Poucas destas questões serão completamente respondidas pelos fatos científicos, mas todas as respostas serão baseada em sua atitude para com os fatos e, principalmente, sobre o que são percebidos como os fatos. Um curso em genética poderia, então, ter como objetivo educar os alunos para obter, avaliar e explicar a informação disponível. Estudantes atuais parecem usar como importante fonte de suas informações a internet. Revistas, jornais, televisão, rádio e podem ser usados, mas qualquer instrutor pode testemunhar o uso generalizado da internet. Discutir com esta tendência não vale a pena. O que é necessário é colocá-lo para usar. Neste contexto serão abordados na conferência as principais implicações eugênicas e disgênicas da Medicina Genômica para o futuro da humanidade, em uma abordagem aplicável ao Ensino Médio e a acadêmicos de diversos cursos de graduação na área de Biológicas.

"O Ensino de Ciências e Biologia e os Programas de Saude"

José Manoel dos Santos

A Escola tem o papel fundamental na formação de hábitos saudáveis e na consolidação de uma visão ampla e crítica sobre o que é saúde. Os conteúdos de Educação em Saúde são mais explorados pelas Disciplinas de Ciências e Biologia, porem os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) sugere que Saúde seja abordada como um tema transversal em todas as Disciplinas e a todo o momento. A responsabilidade dos Docentes é enorme, sendo assim cabe as Universidades formarem Docentes capacitados. Atualmente não podemos pensar somente em transmissão de conhecimentos e informações sobre doenças, seus ciclos, sintomas e profilaxias, mas temos que contribuir para mudar hábitos, aplicando três abordagens distintas da saúde: biomédica; comportamental e socioecológica. Na Universidade Anhembi Morumbi, utilizamos currículo integrado e metodologias ativas buscando uma formação mais iterativa dos nossos futuros profissionais da área Biológica.

Carlos Jorge Rocha Oliveira

Desde o desenvolvimento da Teoria Celular, no final do século passado, que o passatempo da observação que a Biologia era, até então, se transformou numa ciência ativa e experimental. Nessa altura, a aceitação destas teorias, pela comunidade científica, tornou a levantar questões como a origem da vida ou o desenvolvimento dos seres vivos a partir de uma única célula. Estava criada a BIOLOGIA CELULAR! A curiosidade e o interesse em aprender o que fora descoberto por outros, associados à imaginação e paciência do método experimental, foram o motor da construção da Biologia, em particular, e da Ciência, em geral. Passado um século, já na reta final para a entrada no século XXI, a Humanidade assiste ao desenvolvimento da BIOLOGIA MOLECULAR. A preocupação relativa à procura intensiva de uma cura para as grandes doenças do final deste século (Cancro e SIDA), aos transplantes de órgãos, à produção de vacinas sintéticas e às técnicas de procriação assistida, tem sido cada vez mais questionada. Nos últimos anos, os progressos da Biotecnologia levaram à criação, pela Engenharia Genética, de linhagens especiais de vírus, bactérias e fungos portadores de genes específicos de seres vivos não aparentados. Estes organismos são capazes de produzir compostos de interesse terapêutico e outros com aplicações nas indústrias agro-alimentar e agropecuário. No entanto, a aplicação mais excitante e ao mesmo tempo mais assustadora da Biologia Molecular está relacionada com a própria espécie humana. Atualmente é possível diagnosticar doenças hereditárias e malformações genéticas antes ou logo após o nascimento do indivíduo e, em alguns casos, fornecer o tratamento adequado. O estudo da Biologia Molecular é relevante não só para o cientista – Biólogo, Biomédico, Farmacêutico e Médicos, mas também para qualquer membro da Sociedade Atual. Um conhecimento dos princípios básicos da Biologia Molecular é essencial não só para os membros da comunidade científica, técnicos da saúde, políticos e economistas, mas, ainda, para todos os cidadãos. O enorme impacto que a ciência tem tido nas últimas décadas, o qual irá certamente crescer nos próximos anos, torna indispensável uma atualização permanente dos professores das disciplinas científicas. É, pois fundamental que a Escola permita a aquisição e troca de saberes atualizados, neste domínio, a todos os elementos da comunidade educativa, principalmente professores e alunos.

Paulo Henrique Nico Monteiro

Os temas relacionados à saúde humana são tradicionalmente desenvolvidos desde os anos iniciais da escolarização formal, ocupando boa parte da carga horária das disciplinas especialmente as Ciências (no ensino Fundamental) e Biologia (no Médio).No Brasil, o desenvolvimento do tema da saúde Educação Básica passou a ser obrigatório a partir 1971, com a obrigatoriedade do desenvolvimento dos programas de saúde. Nestes mais de 40 anos a saúde está presente em diversos documentos oficiais como os Parâmetros Curriculares Nacionais, como Tema Transversale as Diretrizes para a Educação Básica formuladas no período, o que aponta para sua importância curricular. Por se tratar de um termo polissêmico, a saúde, assim como os fatores que a influenciam e determinam podem ser entendidos de diversas formas que acabam por conformar distintas abordagens para o ensino do tema em sala de aula, assim como seus objetivos educacionais. Pretende-se apresentar e problematizar as concepções de saúde que vêm balizando o ensino do tema em sala de aula desde a incorporação dos programas de saúde à luz de referenciais teóricos da Epidemiologia Social. Serão também apresentadas e discutidas as atuais abordagens do tema nos livros didáticos de ciências para os anos iniciais do Ensino Fundamental, assim como algumas implicações para o ensino do tema, a partir do entendimento que este material exerce papel importante cotidiano de sala de aula.

"História e Filosofia da Biologia"

Maria Elice de Brzezinski Prestes

Após uma breve apresentação de o que constitui a História da Ciência, esta comunicação irá discutir as diferentes abordagens, objetivos e desafios para a sua utilização na sala de aula da educação básica. Será analisado o contexto em que se desenvolveram essas iniciativas a partir dos anos 1950. Em seguida, serão analisados alguns dos objetivos comumente apontados na literatura da área para nortearem o uso da História da Ciência na sala de aula, correlacionando-os a exemplos de uso de episódios particulares da história da biologia. Ao longo da apresentação, serão sinalizados alguns dos desafios que o professor pode enfrentar para adotar essa perspectiva e sugeridas alternativas que possibilitem a sua superação.

Ana Maria de Andrade Caldeira

Entendemos que o Ensino de Biologia deve ser um processo que insira os alunos no conhecimento historicamente produzido, por meio de uma ação reflexiva que os permitam estabelecer relações, questionar e produzir as próprias sínteses.
Nesse processo de aprender os alunos devem compreender não só os conceitos científicos como também desenvolver habilidades do pensar inerentes ao conhecimento biológico.
Trata-se, pois de Ensinar conhecimentos e o modo de pensar cientifico. Permitir o desenvolvimento de um conjunto de habilidades do pensar lógico que acompanhará evolução epistemológica do conhecimento e permitirá raciocinar, atuar, transformar e aplicar novos conhecimentos.

Didaticamente como proceder para conseguir esses objetivos?
Esse é o desafio que se apresenta e propomos:
A - Estudos Interdisciplinares que permitam a reflexão e o estabelecer relações sobre determinado fenômeno a partir de diferentes abordagens didáticas.
B- História da Biologia constituir-se-ia em importante fonte de dados a subsidiar esse processo de pesquisa, reflexão e formação do espírito cientifico.
C- Uso de objetos de aprendizagem que permitam unir o ensino de conceitos por meio da historia da biologia bem como proporcionar reflexão sobre a natureza do conhecimento biológico.

O Ensino de Biologia como objeto de investigação:
Construir esse modelo pedagógico que garanta o aprendizado das linguagens em suas especificidades, potencialize o pensamento cognitivo complexo e, ao mesmo tempo,seja possível, aos futuros professores , avançarem para além do arranjo disciplinar e construírem relações entre áreas para a compreensão de problemas, tais como: questão ambiental, por exemplo, é o desafio que se apresenta.
Tendo como foco o problema da interdisciplinaridade e da contextualização objetiva-se entender, a raiz do problema epistemológico que dificulta aos professores transitarem do modelo disciplinar para o interdisciplinar, contextualizando os conceitos a serem ensinados e a elaborarem possibilidades didáticas para uma aprendizagem em questões complexas da realidade.

"Contribuições da Divulgação Científica para o Ensino de Ciências"

Marcelo Rocha

A compreensão pública da ciência é hoje considerada um dos valores primordiais das sociedades democráticas. Atualmente, cientistas, educadores e jornalistas percebem a necessidade de se inserir na sociedade, a ciência e a tecnologia contruídas e desenvolvidas pelos especialistas. Vários motivos justificam essa necessidade. Um deles é cultural. A ciência é uma das maiores conquistas da nossa cultura e, portanto, todos os cidadãos deveriam ser capazes de compreender e apreciar as questões relacionadas ao conhecimento científico. A ciência deve ser entendida como um produto cultural. Sabe-se que a popularização da ciência e da tecnologia é necessária para o desenvolvimento cultural de um povo e é importante que as experiências, pesquisas e preocupações científicas se apresentem ao público e se constituam em parte fundamental de sua cultura, sobretudo, na sociedade contemporânea.
Dentro de uma perspectiva de inclusão social, é importante manter uma estreita relação entre ciência e sociedade em um sentido mais amplo. A especialização e a natureza técnica da ciência são vistas, muitas vezes, como um problema que pode gerar fragmentação social, onde de um lado estão os cientistas e de outro os cidadãos. Além disso, essa fragmentação acaba levando a uma imobilidade de muitos cidadãos quando se trata em discutir assuntos relacionados à tecnologia e à ciência.
A ciência deixou de ser parte do discurso de um pequeno grupo de privilegiados, para ser incorporada ao discurso do cidadão comum, que lê a respeito das questões relacionadas ao aquecimento global, que toma conhecimento de fenômenos naturais, etc. De fato, para se interpretar criticamente as notícias publicadas diariamente em jornais e revistas, é preciso ter um conhecimento mínimo da ciência. Se ocorrer uma aproximação efetiva entre sociedade, ciência e comunicação, os cidadãos estarão mais preparados para tomar decisões sobre saúde, segurança, atitudes que conservem o planeta, ou seja, poderão avaliar melhor suas ações como consumidores.
Ao discutirmos sobre o papel social da divulgação científica, devemos considerar que numa sociedade contemporânea, permeada pela ciência e tecnologia, o acesso aos conhecimentos científicos e tecnológicos que são produzidos é um elemento essencial para o exercício da cidadania. Dentro desta ótica, trata-se de desenvolver uma postura crítica no cidadão que precisa estar atento aos efeitos que estes avanços possam estar tendo.
Atualmente, os meios de comunicação ajudam a promover uma aproximação entre o conhecimento científico e o cotidiano, sendo responsáveis por boa parte das informações que o público não-especialista, incluindo os alunos de escolarização básica, possuem sobre ciência. Observando algumas notícias veiculadas nos meios de comunicação nos é possível inferir que frequentemente tratam de temáticas científicas da atualidade, relacionadas ao que está sendo produzido nos laboratórios. Algumas dessas notícias ressaltam o caráter interpretativo da atividade científica e abordam conteúdos científicos de maneira contextualizada, possibilitando ao público estabelecer relações entre os domínios científicos e suas aplicações práticas na sociedade. Contudo, algumas informações contidas nos jornais e revistas são de casos específicos e, normalmente, não contextualizam a reportagem dentro do conjunto de conhecimentos já adquiridos. Desta forma, propagam-se e cristalizam-se conceitos equivocados nos leitores que dificilmente serão revertidos.
Numa sociedade que necessita guiar as discussões sobre o caráter e o reflexo da ciência na sua vida, não podem permanecer as más interpretações. Para questionarmos políticas científicas que colocam em risco o equilíbrio natural de nossos biomas ou mesmo propor o uso de tecnologias alternativas que eliminem ou reduzam os prejuízos ao meio ambiente e à vida em nosso planeta, é necessário qualidade nas informações veiculadas. Embora saibamos dos benefícios que a aplicação da ciência trouxe à vida da população, alguns incidentes ocorridos nos últimos anos nos colocam severos questionamentos a respeito do uso tecnológico de algumas descobertas científicas.
Deve-se estar atento ao fato que a divulgação científica é um campo de trabalho por meio do qual os conhecimentos são difundidos sem objetivos didático-pedagógicos e sem a finalidade de formar especialistas, nem tampouco aperfeiçoar os peritos em sua especialidade. Entre seus objetivos destaca-se a possibilidade de mostrar tanto resultados da pesquisa como processos de construção dos conhecimentos a um público não-especialista. Diante das novas concepções do ensino, cujo objetivo é formar cidadãos críticos e atuantes na sociedade, os textos de divulgação científica podem se constituir em um importante recurso didático, que complementa materiais tradicionais como o livro didático, desde que seu uso seja mediado por professores proporcionando discussões consistentes em sala de aula.

Germana Barata

A ciência não diz respeito apenas a especialistas e àqueles que atuam nela, como os professores de ciências. A sociedade contemporânea está imersa em questões que lidam direta e profundamente com o desenvolvimento e acesso ao conhecimento e à ciência e tecnologia. A divulgação científica produz materiais ricos que podem ser utilizados em sala de aula ou de modo informal para provocar questionamentos, reflexões e a crítica sobre o papel da ciência e tecnologia no desenvolvimento de uma sociedade cada vez mais engajada. Como a divulgação científica se apresenta hoje no Brasil? Quais os desafios ela enfrenta? E como os debates sobre ciência na escola podem usufruir da divulgação científica para enriquecer seu aprendizado de modo multidisciplinar?

"A Formação Inicial e Continuada de Professores de Ciências e Biologia e Formação de professores para a docência universitária"

Dario Fiorentini

Pretendo, inicialmente, problematizar o trabalho, a formação e o desenvolvimento profissional de professores no contexto atual, destacando e contrapondo dois modelos de formação e capacitação de professores que têm sido enfatizados pelas políticas públicas e pelas instituições ou centros responsabilizados pela formação docente no Brasil. Essa contraposição consiste em uma análise das possibilidades e limites ou fracassos desses modelos – tanto no ensino presencial quanto no EaD – face às demandas sociais atuais e aos desafios/problemas da escola atual. A partir dessa análise, destacarei, com base em nossa experiência como formador e pesquisador acerca da formação de professores na Unicamp, algumas experiências exitosas de formação e desenvolvimento profissional de professores de ciências e matemática. Essas experiências consistem basicamente na constituição de pequenas comunidades colaborativas de estudo e análise de problemas e desafios da escola atual e de construção conjunta de alternativas de mudança da prática de ensinar e aprender nas escolas. Pretendo, nesse contexto, ilustrar, de um lado, alguns resultados obtidos por essa comunidade e que estão sistematizados em livros e, de outro, descrever a emergência de um tipo de profissionalidade docente que se caracteriza por ser interativa, reflexiva e investigativa.

José Artur Barroso Fernandes

A década passada nos trouxe duas políticas de grande impacto na formação de professores nas várias licenciaturas: as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica- DCN (2002) e o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID (2008). Em que medida essas políticas impactam a formação inicial e a formação continuada de nossos professores de Ciências e de Biologia? Como elas se articulam (ou não) como políticas que agem na interface Educação Superior/Educação Básica? Quais os desafios a serem enfrentados para que essas políticas se tornem convergentes no sentido de contribuir tanto para a formação inicial como para a formação continuada de nossos professores?

Da prova em sala de aula às avaliações internacionais: limites e desafios da avaliação educacional em Ciências

Luiz Caldeira Brandt de Tolentino Neto

Ao traçar uma breve descrição destas avaliações em paralelo com vários programas e políticas públicas, pode-se entender melhor os impactos que trazem às escolas. Alterações em currículos, novos recursos pedagógicos, explosões e explorações midiáticas, pressões por resultado, um novo 'mercado' de trabalho, bônus para os mais 'eficientes', e oportunidades de pesquisa estarão entre os assuntos abordados.

Educação não formal / Produção de material didático

Viviane Rachid

A educação formal foi considerada por muitos, até pouco tempo atrás, como a única fonte promotora de educação, capaz de formar o indivíduo para viver em sociedade. Atualmente, com a modernização da sociedade decorrente do desenvolvimento científico e tecnológico, verifica-se a existência de diferentes formas de divulgação do conhecimento.
Essas diferentes formas de desenvolvimento da práxis educacional na sociedade, apresentam características particulares, ligadas às dimensões espaço - temporais, histórico-sociais e culturais presentes nos grupos sociais e/ou instituições que as desenvolvem, podendo ser classificadas em : educação formal, informal e não formal.
Crombs, Prosser & Ahmed (1973 apud SMITH, 2003) caracteriza a educação não formal como qualquer atividade organizada fora do sistema formal de educação, - operando separadamente ou como parte de uma atividade mais ampla – que pretende servir a clientes previamente identificados como aprendizes e que possui objetivos de aprendizagem.
A partir dessa classificação verificamos a existência de diferentes espaços educativos que potencialmente contribuem direta e/ou indiretamente no processo de formação do indivíduo, tais como: zoológicos, as áreas verdes urbanas, as unidades de conservação, museus e centro de ciências, entre outros. Segundo Marandino (2002), os espaços de educação não formal apresentam especificidades em relação aos elementos que o compõem, como o próprio espaço físico, tempo em que os visitantes dispõem para a experiência e os objetos de naturezas distintas que implicam diferentes formas de interação. Tais especificidades levaram essas instituições a desenvolver atividades e estratégias educativas diferenciadas, como a produção de material didático.
No entanto, a produção de material didático suscita processos de avaliação, os quais estão diretamente relacionados à qualidade da mediação oferecida aos diferentes tipos de público nas mais diversas ações educativas. Na medida em que nos revelam as principais características dos materiais (informações, autenticidade, escala, valor etc.) e do público (percepções, motivações e as diferentes formas de interação entre os diferentes sujeitos envolvidos na ação, os materiais e o próprio espaço educativo).

MINICURSOS

"Os desafios em integrar química, física e biologia no ensino fundamental"

Magda Medhat Pechliye

O bem de produção mais valioso para o ser humano é o conhecimento, pois esse pode permitir o entendimento, a averiguação, a interpretação e a mudança de nossa realidade. Mas, para que isso ocorra esse conhecimento não pode ser construído de forma fragmentada e compartimentalizada, sob o risco de perdermos a contextualização e o sentido. O presente mini-curso pretende analisar a fragmentação existente entre química, física e biologia no ensino fundamental, além de propor, de maneira coletiva, alguns possíveis caminhos rumo à integração dessas disciplinas.

"Práticas Interdisciplinares em Educação, Ciência, Tecnologia"

Maria Otília J. M. Mathias e Dr. Heitor Zochio Fischer

O minicurso de três horas será um espaço para discutir os fundamentos de algumas abordagens educacionais ativas de ensino que permitem ao estudante ser sujeito na construção do seu próprio conhecimento. Dentre as abordagens metodológicas com estas características, serão discutidas a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), a Aprendizagem Baseada em Projetos (ABPr), a Aprendizagem Baseada em Equipes (ABE) e a Problematização.
Um exemplo de reestruturação de conteúdos até chegar aos conteúdos de um problema servirá como exemplo da ABP; posteriormente serão vivenciadas todas as suas etapas: discussão e elaboração de questões de aprendizagem e hipóteses e os recursos necessários para isso; síntese do novo conhecimento (Mapa Conceitual) e conexões com conceitos prévios e, por fim as avaliações. Também será proposto a conexão da teoria com um trabalho a ser realizado na prática, a ABProu a Problematização, a partir da realidade observada.
O reforço dos conhecimentos adquiridos nos outros momentos será feito por meio da ABE, que também serve como forma de avaliação individual e do grupo.

"Bioética na Sala de Aula"

Paulo Fraga da Silva

O minicurso trata da compreensão do caráter interdisciplinar da Bioética como área emergente do conhecimento, e seu potencial como um importante instrumento metodológico de caráter reflexivo. Pretende discutir práticas pedagógicas voltadas para o desenvolvimento de valores e atitudes que o ensino das disciplinas de Ciências e Biologia pode propiciar.

"A leitura como estratégia para o ensino de Ciências"

Maria da Graça Mendes Abreu

Projeto: Ler para aprender com Textos Expositivos na Educação Infantil.

Justificativa
Como é possível trabalhar com a leitura e a escrita de textos expositivos desde os primeiros anos da Educação Infantil é a questão.
Para respondê-la, basta dizer que se aprende a ler e a escrever, lendo e escrevendo, mesmo que o/a professor(a) seja a escriba.
Curiosidade, busca, porquês, desejo de saber mais e mais para conhecer o mundo são próprios e naturais nas crianças. E muitas das respostas vêm da leitura de textos expositivos.
As janelas estão escancaradas, basta ensinar a procurar as informações e a processá-las e registrá-las.
É essa a intenção desta Oficina: ensinar aos/às professores(as) como se aprende lendo textos expositivos, e os procedimentos para trabalharem com seus sedentos aprendentes, ensinando-os, por sua vez, a aprender.

Objetivos
1. Ensinar educadores de Educação Infantil a processarem textos expositivos.
2. Instrumentalizá-los para ensinarem seus alunos a apropriar-se dos conhecimentos sobre a realidade e a darem os primeiros passos na conquista de competências leitora e escritora.

Conteúdos
1. A leitura de Fichas técnicas, Você sabia?, Artigos de divulgação científica, Mapas e outros textos expositivos;
2. O desenvolvimento de habilidades e de técnicas de leitura.
3. O registro das informações por meio de representações visuais.
4. A releitura da Prática Pedagógica e a elaboração de Sequências Didáticas.