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Pesquisadora fala sobre o negro e a educação

Por Elisa Marconi e Francisco Bicudo

“Valeu Zumbi/ O grito forte dos Palmares/ Que correu terras, céus e mares/ Influenciando a Abolição” dizia o início do samba-enredo Kizomba – festa da raça, de Martinho da Vila, que levou a Escola de Samba Unidos de Vila Isabel ao primeiro lugar do carnaval carioca de 1988. Quase vinte anos depois, esse mesmo grito permanece ecoando na sociedade brasileira, apesar dos inegáveis avanços alcançados. Se é fato que a democracia racial ainda é um mito no país, é verdade também que no ano de 1995 o dia 20 de novembro, data da morte de Zumbi, o último líder do Quilombo de Palmares, símbolo da resistência contra a colonização portuguesa, transformou-se oficialmente no Dia da Consciência Negra; em 2007, já é feriado em três capitais (São Paulo, Rio de Janeiro e Cuiabá) e em mais de 200 cidades grandes, médias e pequenas, espalhadas por diferentes estados. O líder negro alcançou status de herói nacional, colocando-se ao lado de personagens como Tiradentes e Duque de Caxias, e é visto como ícone das lutas pela liberdade e contra a escravidão e a opressão dos negros.

Mas qual é afinal o significado dessa data? Há motivos para a comemoração? O SINPRO-SP conversou com a educadora Lucimar Rosa Dias. Ela garante que, apesar de ainda restar muito, mas muito mesmo por fazer, há inquestionáveis razões para fazer do Dia da Consciência Negra uma data festiva. “A inclusão do 20 de novembro no calendário oficial do país e a consagração de Zumbi como herói nacional já são duas grandes conquistas”, defende.

A pesquisadora entende que as homenagens mais que merecidas ao líder de Palmares devem-se sobretudo ao esforço secular feito pelo movimento negro. “Não se trata de uma data imposta de cima para baixo, mas sim de uma luta construída a partir dos militantes, que obteve eco na sociedade”. Ela comemora também o fato de os variados temas que compõem essa agenda pública segmentada atualmente já terem atingido repercussão em diversos outros setores da sociedade, ultrapassando a esfera específica dos grupos que atuam diretamente com o tema, com destaque para a produção acadêmica. “O que salta aos olhos hoje é como o negro e suas questões estão presentes nas pesquisas, nas dissertações, nas teses e nas aulas. Ganhar a academia e as escolas é um passo importante para que o tema seja multiplicado”.

Graduada e mestre em Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) e ex-bolsista da Fundação Ford, a pesquisadora não esconde o fato de sempre ter sido militante do movimento negro – até hoje faz parte de uma entidade chamada Trabalho e Estudo Zumbi, a TEZ, em Mato Grosso do Sul. E, na universidade, seu principal tema de pesquisa não poderia ser outro: o lugar do negro na educação. O encontro dessas duas vertentes – as experiências prática e a teórica – é um dos nortes da entrevista que a especialista concedeu ao SINPRO-SP, diretamente da Venezuela, onde mora atualmente e onde está iniciando mais um projeto de pesquisa, desta feita sobre os venezuelanos afro-descendentes. Os melhores momentos da conversa você acompanha aqui.

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Leia a entrevista com a pesquisadora Lucimar Rosa Dias


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