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Entrada franca, um atrativo

Outro ineditismo da edição deste ano – certamente o que primeiro chamará a atenção do público – é a entrada gratuita. Uma série de parcerias com organizações governamentais e não-governamentais possibilitou a gratuidade. “Era um sonho antigo e, espero que se realize”, coloca Manuel Pires da Costa, referindo-se à vontade da organização de ver o evento visitado por um número recorde de pessoas. Se a entrada franca atrai, “o conteúdo deixa um pouco a desejar”, sugere a professora Nele Azevedo, que também é artista plástica. “Não é uma exposição ruim, longe disso, mas já vi outras Bienais mais consistentes, com conceitos inovadores, com mais coisas para dizer”, explica. A frustração se dá pela falta dos históricos? “Não”, responde, “é porque há obras que não querem dizer nada mesmo, que talvez não devessem estar numa Bienal”, completa.

Então não vale a visita? “Ah vale! Tem muita coisa boa também”, anima-se a artista plástica. “Além das obras, há um espírito, um intuito que já faz merecer o passeio. A Bienal é uma mostra da globalização, da convivência possível e pacífica entre os povos e os países, é a Bienal da tolerância”, propõe Costa. De fato, dividem espaços próximos artistas israelenses e muçulmanos, por exemplo. Esse mesmo artista muçulmano – o búlgaro, Rassim – mostra em sua instalação a sua circuncisão, feita quanto ele se converteu ao islamismo. “É forte, claro, mas é bonito. É pertinente ao contexto em que vivemos e mostra que a arte não é uma entidade autônoma da sociedade. Faz parte, está comprometida com a vida”, esclarece Nele Azevedo, começando a apontar o que vale a pena ser visitado na Bienal. Pertinho dali está a instalação de Doron Rabina, um artista israelense. “É uma instalação muito bonita. Com uma luz esbranquiçada e uma cor linda. Chama a atenção pela beleza”.

Além de promover a inclusão social, liberando a entrada, o evento também procura dar conta dos temas do mundo: história, globalização, tolerância, geopolítica, religião, estética. Assim, essas e todas as outras questões levantadas pela Bienal podem servir de subsídio à educação. “A idéia é exatamente essa”, garante o presidente da Fundação Bienal, “entrada franca para que não só os professores venham, conheçam e levem as informações para seus alunos, mas também para que venham os estudantes todos”. E assuntos sugeridos nas obras não faltam. Se o assunto é história, a obra do artista japonês Shin Myiasaki é um prato cheio. Ele foi combatente na II Guerra Mundial e ficou detido na Sibéria. A guerra já tinha acabado, mas os prisioneiros continuaram lá. “Quem não sabe a história do pintor, sente que tem algo forte ali, mas para quem chega conhecendo seu passado, aí fica muito mais forte”, explica a professora de artes visuais. Quase não se vêem figuras, mas é possível sentir perfeitamente o clima, a injustiça e o limite da vida mesmo. Não é um espetáculo, é um convite à contemplação da História e da história pessoal do autor.

Também a matemática e a crítica ao capitalismo estão presentes. O trabalho do artista brasileiro Paulo Climachauska, quando olhado à distância, é um belo desenho em perspectiva. Quando observado mais de perto, revela uma conta que vai subtraindo, subtraindo, subtraindo até chegar ao zero. “O encantador é que, apesar da natureza delicadíssima, a obra tem um conteúdo muito forte. De novo, a arte não se mostra panfletária, mas expressa uma posição no mundo e isso é legal de ser trabalhado na escola”, coloca Nele Azevedo.

De tudo, a maior lição que a 26a Bienal internacional de São Paulo ensina é que, com polêmicas ou não, vale a pena o contato com a arte. Chegar perto de obras e de artistas sempre faz despertar uma série de sentimentos. Vale reforçar: nessa edição da Bienal, questões ligadas à tolerância e globalização, vistas por meio das obras de arte, pedem passagem. As mensagens que telas, fotografias, esculturas e instalações despertam, de maneira delicada ou agressiva, suave ou chocante, também certamente cabem nos conteúdos programáticos das diversas disciplinas.

Então... bom programa!

Serviço
A 26ª Bienal de São Paulo já está aberta ao público e terminará no dia 19 de dezembro.

Endereço
Parque do Ibirapuera, Portão 3, São Paulo, SP

Horários
De segunda a quinta, das 9h às 22h - quem entrar às 22h, entretanto, só poderá ficar no recinto até as 23h (a Bienal recomenda o tempo mínimo de 2h para a visitação da mostra); Sextas, sábados, domingos e feriados, das 9h às 23h

Ingresso: gratuito.

Monitoria
O serviço de monitoria deverá ser solicitado com 3 (três) dias de antecedência. O pedido deverá ser encaminhado por carta, e-mail ou fax (neste pedido é imprescindível constar o nome do responsável, endereço, telefone, fax e e-mail) Os grupos terão, no máximo, 20 pessoas.
Para onde enviar o pedido
E-mail: monitoria@bienalsaopaulo.org.br
Fax: (11) 5549-0230

Acessibilidade
Cadeiras de roda ficarão à disposição de deficiente

Facilidades
Livraria, loja, telefone público, lanchonete

Observação
Máquinas e filmadoras não são permitidas na Bienal.

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