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“A história da Aids mostra o grande desenvolvimento científico e tecnológico do mundo”

Por Elisa Marconi e Francisco Bicudo

Em 1981, casos estranhos de Sarcoma de Kaposi, um tipo raro de tumor, começaram a pipocar em hospitais de Los Angeles e de Nova York, nos Estados Unidos. O curioso, e ao mesmo tempo preocupante, era que até então esse tipo de câncer se manifestava majoritariamente em pacientes mais velhos; aqueles casos que chegavam aos centros de saúde norte-americanos, no entanto, atingiam jovens teoricamente saudáveis. Pior: o sistema imunológico dos rapazes estava tão comprometido que eles morriam de complicações em princípio inofensivas, como gripe e tuberculose. Começava assim a história oficial da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, a Aids.

No ano seguinte, a doença chegava ao Brasil. Em um primeiro momento e de forma preconceituosa, foi chamada de “câncer gay”, porque atingia principalmente homens jovens e homossexuais. O primeiro caso diagnosticado no país marcou o início de uma trajetória de intensas lutas contra um vírus difícil de ser combatido, o HIV, e contra a epidemia que ele desencadeou. Começava também uma história de avanços e de conquistas muito importantes, tanto nas áreas científica e tecnológica, quanto na social. Afinal, foi a partir da organização de pessoas (pacientes, familiares e amigos), da criação de ONGs e de instituições assistenciais, e dos esforços feitos por universidades e centros de pesquisa que o Brasil pôde se tornar referência mundial nas tentativas de combate à doença e no tratamento gratuito e global para todos os pacientes.

Como se ainda fosse pouco, a Aids faz a sociedade mundial repensar a cada dia sua postura sobre as liberdades individuais. A revolução sexual pregada e praticada nos anos 60 e 70 precisou ser revista e, em parte, modificada. Atualmente, as pessoas preferem ter menos parceiros para diminuir as chances de contaminação. Também outra questão polêmica, o uso de drogas injetáveis teve de se adaptar aos tempos de HIV. As campanhas e projetos de redução de danos – que estimulam o uso de seringas descartáveis e individuais, além da troca de um vício por outro –, embora condenadas por vários grupos, vêm sendo aplicadas sistematicamente e têm conseguido resultados incontestavelmente positivos.

Quem conhece muito bem toda essa trajetória é o imunologista da Fundação Oswaldo Cruz, Bernardo Galvão. Depois de uma temporada na Suíça, no Instituto de Pesquisas de Genebra, estava retornando ao Brasil na época em que os primeiros casos de Aids foram identificados no país. Comandando uma equipe afinada e realmente empenhada em desenvolver soluções, foi um dos pesquisadores que liderou o desenvolvimento de técnicas de diagnóstico, o isolamento do vírus em laboratório e uma série de outras pesquisas importantes para o país alcançar o estágio atual. Só para dimensionar a extensão do problema: segundo dados do Ministério da Saúde, nestes 25 anos, já foram oficialmente notificados, no Brasil, cerca de 371 mil casos de Aids. A taxa de incidência foi crescente até metade da década de 90, alcançando, em 1998, cerca de 17 casos da doença para cada 100 mil habitantes. Do total de casos notificados, mais de 80% concentram-se nas regiões Sudeste e Sul. Em 2004, no entanto, o Ministério estimava que, contabilizando os casos não notificados, cerca de 593 mil pessoas, entre 15 a 49 anos de idade, viviam com o HIV e a Aids, no Brasil. Deste total, cerca de 204 mil eram mulheres (34,4%) e 389 mil, homens (65,6%). Desde o primeiro caso, foram registrados 172 mil óbitos (até dezembro de 2004).

Foi com Bernardo Galvão que o SINPRO-SP conversou para relembrar os primeiros anos da epidemia de Aids e também para entender as questões e desafios contemporâneos que envolvem a doença, até para que se possa projetar possibilidades futuras de atuação. Os melhores trechos dessa entrevista você acompanha ao clicar no link abaixo.

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