O que dá somar o sucateamento das estruturas com a falta de valorização do docente, as verbas escassas e c desinteresse do aluno? A resposta é imediata: o fracasso do sistema de ensino brasileiro. E a situação torna-se ainda mais dramática quando, na análise do cenário e na busca por possíveis soluções, o agente principal dessa equação – o professor – raramente é ouvido. Nas discussões sobre a eficiência da educação no Brasil, o que se costuma ver são as autoridades (ministros, empresários, gestores, diretores de escola) falando. Afinal, elas é que decidem quais serão as regras e as diretrizes do sistema. Também há alguns anos vem sendo debatida a importância de atender às necessidades dos alunos, fazendo a escola adaptar-se às demandas discentes. A escritora e educadora Tânia Zaguri resolveu fazer o caminho contrário e nadar contra a corrente, garantindo espaço para que os professores-protagonistas pudessem se pronunciar sobre o tema.

Filósofa e mestre em educação, Zaguri já escreveu 12 livros sobre a arte de educar; há 36 anos, é professora da rede oficial de ensino carioca e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em sua mais recente obra, “Professor refém”, lançada pela editora Record, a autora detalha inicialmente como o professor se sente por não ser ouvido e por ficar à margem de um debate mais do que importante; em seguida, ela apresenta e sistematiza relatos e opiniões dos educadores a respeito da falência de nosso sistema educacional.

O trabalho foi árduo e meticuloso. Para escrever o livro, Zaguri ouviu 1172 docentes de escolas públicas e particulares, de 22 estados, abrangendo todas as regiões do país. A partir do questionário padrão aplicado aos entrevistados, foi possível identificar informações valiosas sobre o que pensam os educadores a respeito dos principais problemas das escolas, das relações estabelecidas com os alunos e suas famílias, das linhas pedagógicas e das políticas educacionais. As principais discussões e conclusões apresentadas pelo livro você acompanha na entrevista a seguir (clique no link abaixo para acessar).