Quais os significados e impactos da nacionalização dos campos de petróleo e de gás natural na Bolívia? Trata-se de uma medida de efetivo exercício de soberania, capaz de preservar o patrimônio natural do país, ou faz parte simplesmente da retórica demagógica, destinada a oferecer supostas respostas momentâneas e sem efeitos práticos às exigências de setores internos ditos mais radicais? Por que a imprensa brasileira reagiu tão mal ao decreto assinado pelo governo boliviano? Quais os interesses que estão em jogo? E o Brasil? Agiu com habilidade e responsabilidade ou simplesmente baixou a guarda e capitulou? Essas são algumas questões que vêm sendo debatidas pelos mais diferentes segmentos e atores sociais, desde que o presidente Evo Morales anunciou, no dia 1º de maio, em uma refinaria da Petrobras instalada no país andino, a estatização da exploração e da produção de dois dos principais recursos naturais da Bolívia.
Para contribuir com essa discussão e estimular a reflexão mais aprofundada sobre o tema, o SINPRO-SP reproduz quatro artigos originalmente publicados pela Agência Carta Maior. De acordo com Luís Carlos Lopes, professor da Universidade Federal Fluminense, “Morales cumpriu o que prometeu em seu programa de governo, num continente que é marcado pelo paradoxo retórico”. Para o professor Flavio Aguiar, da Universidade de São Paulo (USP), “pressionado por uma esquerda ativíssima no altiplano, e por uma direita virulenta nas terras baixas de Santa Cruz, Evo optou por uma manifestação dramática, que acaudilhasse a primeira e neutralizasse a segunda, em função da próxima eleição de uma Assembléia Nacional Constituinte”.
Ao analisar o fenômeno do populismo, o jornalista Gilberto Maringoni diz que, “desde que tomou posse, o presidente boliviano busca lidar com insatisfações e fazer concessões a movimentos organizados”. Ele não perdoa a mídia brasileira e diz que ela fez “lambanças” na cobertura do episódio. “Elitistas, racistas, preconceituosas, entreguistas e sobretudo alicerçadas no pantanoso terreno da ficção, publicações como “Veja”, “O Estado de S. Paulo” e “Folha de S. Paulo” foram cuidadosas na escolha de lorotas para entreter o leitor”, completa.
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