Por Elisa Marconi e Francisco Bicudo
Elas são originárias do Oriente Médio, mas já faz muito tempo que as fascinantes histórias de As Mil e Uma Noites fazem parte do imaginário de crianças e adultos do mundo todo, das mais variadas culturas. Esse conjunto de contos populares, de autoria até hoje desconhecida, remonta ao século terceiro, mesma época em que, acreditam especialistas, o Velho Testamento teria sido escrito. E embora possam ter sofrido algumas modificações, as histórias sobreviveram quase intactas por todo esse tempo.
O professor de literatura árabe da Universidade de São Paulo (USP) Mamede Mustafa Jarouche é um brasileiro de origem libanesa. Sua família está aqui no país há muitos anos, mas, mesmo assim, os vínculos com a terra de origem permaneceram fortes. Tanto assim que desde o ano de 2000 ele vem se dedicando a estudar e traduzir As Mil e Uma Noites do original em árabe para o português. Para ele, essa permanência no tempo é uma prova de que a obra é a tradução mais perfeita do desejo próprio dos humanos de ouvir narrativas.
Em entrevista ao SINPRO-SP, Jarouche conta que os temas retratados na obra são universais, como o amor, o ódio, a justiça, a esperteza para se livrar da morte. Por isso é que a obra conseguiu se projetar dessa forma. E esse prazer de ouvir histórias é igual para todas as pessoas, de todos os países; daí porque a obra já foi editada centena de vezes no mundo todo, mais de cem vezes só no Brasil, e a tradução feita pelo professor já está na terceira tiragem – para o primeiro volume – e na segunda tiragem – para o segundo volume. Essa vontade de escutar “só mais uma” ajuda a manter viva a tradição das Mil e Uma Noites, segundo ele. Os principais trechos dessa entrevista, onde o professor Jarouche ainda fala sobre o Islã e o papel da mulher no passado e no presente, você acompanha aqui.