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Livro recém-publicado, revela violência contra as mulheres

Por Elisa Marconi e Francisco Bicudo

Esqueça os números ligados a problemas cardíacos, tumores e acidentes de trânsito. Em Recife, capital de Pernambuco e uma das principais cidades do Nordeste, a maior causa de morte entre mulheres em idade reprodutiva é o assassinato. Essa é a conclusão alcançada pelo médico Glaucius Cassiano Nascimento, e revelada em sua dissertação de mestrado, apresentada à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O especialista analisou mais de cinco mil atestados de óbitos entre 1997 e 2004 e descobriu que, de cada 100 mil mulheres mortas, 11,11 tinham sido assassinadas por arma de fogo, estrangulamento ou facadas.

Às informações do médico pernambucano somam-se outras – tão estarrecedoras quanto – apuradas e sistematizadas pelo jornalista Aureliano Biancarelli. Entre elas, dados que mostram Pernambuco como o terceiro estado do país em assassinatos de mulheres - lá, são mortas de 300 a 320 mulheres por ano. Atualmente repórter de O Estado de S. Paulo, Biancarelli é jornalista há quase 35 anos, tendo já atuado em publicações como Veja, Jornal da Tarde e Folha de S. Paulo; nos últimos 15, vem se dedicando a assuntos ligados aos direitos humanos. “E nesse pacote não poderiam deixar de aparecer questões relacionadas à violência, à AIDS, às drogas e – claro – ao tema da mulher. Nos últimos anos, participei de muitas coberturas ligadas à saúde da mulher, aos direitos da mulher e à violência praticada contra elas”, conta o repórter.

E foi assim, cobrindo diariamente essa área, que Biancarelli conheceu o Instituto Patrícia Galvão, uma ONG que luta pelos direitos femininos e que, segundo ele, tem uma estrutura que facilita o trabalho dos jornalistas, porque além de desenvolver pesquisas consistentes, a entidade consegue criar uma rede de divulgação bastante eficiente para essas informações. E foi graças a um convite feito pelo Instituto Patrícia Galvão, e reforçado por outra ONG pernambucana, a SOS Corpo, além do Fórum de Mulheres de Pernambuco, que Biancarelli pôde escrever Assassinatos de Mulheres em Pernambuco , livro lançado no dia 15 de fevereiro pela editora Publisher Brasil.

A obra, uma grande reportagem sobre a violência contra as mulheres daquele estado, traz o relato de vários casos que terminaram – ou que ainda podem terminar – em morte. O autor ouviu as mulheres vitimadas, suas famílias, as feministas que atuam em ONGs e as autoridades estaduais para traçar um panorama atual dessa questão. Mas, embora a realidade seja sombria e remeta a tempos ancestrais, em que as esposas eram vistas como propriedade dos maridos, o autor indica que nem tudo está perdido. Biancarelli conta no livro que existe uma articulação muito forte das pernambucanas em torno do tema da violência - e seria justamente essa organização a responsável por já conseguir permitir avanços significativos. Da presença permanente do assunto na imprensa local à diminuição efetiva nas agressões e mortes em determinados bairros, as mudanças começam a aparecer. E de vítimas, as pernambucanas, resgatando inclusive a tradição de resistência ao arbítrio da terra natal, vão se tornando lutadoras, militantes dos direitos fundamentais das mulheres. O SINPRO-SP conversou com Aureliano Biancarelli no dia seguinte ao lançamento de Assassinato de Mulheres em Pernambuco . Os melhores trechos dessa entrevista você acompanha aqui.

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