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Energia nuclear volta ao debate

Elisa Marconi e Francisco Bicudo

No início de julho, as manchetes dos principais jornais do país estampavam a notícia da concessão por parte do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a construção de duas usinas hidrelétricas no rio Madeira, em Rondônia. A autorização só foi confirmada após uma queda-de-braço entre ambientalistas e defensores das obras, que resultou em uma série de alterações no projeto original, com intuito de preservar o ecossistema local. Segundo o governo, juntas, as usinas de Santo Antonio e de Jirau serão capazes de produzir o equivalente à metade da energia gerada por Itaipu, a maior hidrelétrica do mundo.

No início do mês, outra notícia, ainda na área energética e tão importante quanto a primeira, também já havia recebido destaque nos meios de comunicação: o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou a retomada das obras da usina nuclear de Angra 3, depois de cerca de 20 anos em compasso de espera.

O destaque ao debate sobre as matrizes energéticas brasileiras não são à toa. Além das discussões globais sobre as opções que têm sido feitas pelos diversos países e das conseqüências dessas escolhas para o aquecimento global, o Brasil ainda se vê às voltas com a exigência de ampliar a oferta de energia frente ao crescimento inexorável da população e desejável da economia. Em outras palavras, o mundo discute neste momento a emissão de gases de efeito estufa, resultantes basicamente de desmatamento e da queima de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral. E o Brasil debate ainda seu Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, que demanda, necessariamente, uma oferta maior de energia elétrica para abastecer casas e indústrias. O fantasma do apagão ainda se faz presente na memória dos brasileiros.

Para o superintendente do Instituto de Pesquisas em Energia Nuclear (IPEN), Cláudio Rodrigues, a equação é relativamente simples: “crescimento significa maior demanda de energia e como a população vai crescer mesmo e também se deseja um crescimento do país, faz parte do Plano Decenal de Energia Elétrica (2006-2015) uma maior geração de energia elétrica”. Parece que autoridades e especialistas concordam quanto à necessidade de aumentar a oferta de energia. O que parece ainda não ser consenso é: quais seriam então as fontes geradoras mais adequadas?

É verdade que as duas matrizes já citadas, hidrelétrica e nuclear, fazem parte desse planejamento estratégico, assim como outras, como o gás natural e até a energia eólica, resultado da força dos ventos. Mas mesmo que o Plano Decenal contemple todas essas formas, o assunto ainda causa polêmica. Tanto assim que, na reunião do CNPE, a proposta da retomada de Angra 3 foi aprovada com o voto de oito conselheiros, com a discordância e o voto contrário de um: João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Entre os ambientalistas, as ONGs de defesa do meio ambiente e os militantes da área, a bandeira levantada é a da energia limpa, aquela produzida e utilizada sem deixar resíduos que afetem o meio ambiente. Por isso essas pessoas e entidades preferem, por exemplo, a energia eólica, ou o uso do etanol, menos nocivo que a gasolina. Para esse grupo, a energia nuclear, embora não produza gases do efeito estufa, gera resíduos radioativos, que podem ser muito mais perigosos e até mesmo letais para a natureza e para o próprio ser humano. Os especialistas em energia nuclear rebatem os argumentos e garantem que não é exatamente assim. Destacam por exemplo que a energia advinda dos ventos não seria suficiente para alimentar a demanda que se apresenta tanto no curto quanto no longo prazo.

Cláudio Rodrigues defende ainda a tese de que a energia nuclear não é só é limpa como também é segura, desde que se respeite uma série de normas e seja adotada uma série de cuidados. Mas, mais do que isso, a proposta de quem trabalha hoje com energia nuclear no Brasil é que se pare de estabelecer um conflito e disputa insolúvel entre as diferentes matrizes de geração de energia, como se uma superasse ou fosse melhor que a outra, “até porque o Brasil tem todas as matérias-primas aqui, água, urânio, vento...”. O propósito é trabalhar com a perspectiva da complementaridade, compondo um quadro em que as energias se somem e não se anulem.

O SINPRO-SP conversou com o superintendente do IPEN sobre todas essas polêmicas questões. Os melhores trechos da entrevista estão aqui.

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Entrevista com Cláudio Rodrigues, superintendente IPEN


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