Elisa Marconi e Francisco Bicudo

Existem algumas supostas verdades que as crianças aprendem desde muito cedo e que podem, no futuro, atrapalhar o aprendizado em várias disciplinas. Um desses postulados difundidos diz que a matemática é uma disciplina difícil e, pior, chata. E o resultado dessa crença é que, ao entrar na escola, o aluno acaba se afastando – e até temendo – uma das aptidões naturais do ser humano, a possibilidade de contar, de lidar com números e com o raciocínio.

Por sorte, existem educadores dispostos a desmontar idéias como essa. Nilson José Machado é uma dessas pessoas. Ele é professor titular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE/USP) e lá mesmo fez mestrado, doutorado, pós-doutorado e livre-docência. Sua área de especialização é o ensino da matemática e, para divulgar seus estudos e pesquisas na área, além das aulas, dos cursos de formação de professores e das palestras que ministra, também escreve livros. Numa busca rápida em sites das principais livrarias, encontramos mais de 40 títulos de sua autoria. Entre eles, alguns chamam a atenção, como Jogo e Projeto (editora Summus), em que o especialista – em parceria com outros autores – discute como, na educação, as fronteiras entre os diferentes campos de conhecimento se entrelaçam e muitas vezes tornam-se difusas. Vale a pena também destacar Lógica? É lógico! e Medindo Comprimentos (ambos da Scipione), que pretendem despertar o interesse do público infanto-juvenil para a matemática e suas possibilidades criativas; Matemática e realidade (Cortez), em que a disciplina é pensada como um bem cultural de interesse geral, que ninguém pode ignorar completamente, sem efeitos colaterais indesejáveis. Mas a mais ousada desta obras talvez seja Matemática e língua materna (Cortez), onde Machado defende que a língua e a matemática devem andar juntas, para que ambas ganhem significados múltiplos e mútuos.

Por trás de todos os livros e de todas as atividades educativas, o desejo principal de Machado é mostrar que a matemática está longe de ser o bicho-papão pregado nos corredores escolares e que qualquer ser humano a quem se tenha dado uma formação adequada e decente tem capacidade de compreender, de se expressar e de se comunicar por meio dessa linguagem tão especial.

Leia aqui a entrevista com o Prof. Nilson José Machado