Por Francisco Bicudo e Elisa Marconi
O criminoso é quase um monstro, movido por instintos selvagens incompreensíveis; o Estado, um agente corrupto e inoperante; e o cidadão a mover-se nesse cenário sente-se sozinho e abandonado, um inocente obrigado a viver preso dentro de casa, pois o espaço público representa para ele uma ameaça constante. Essas são as narrativas e imagens construídas cotidianamente pelo jornalismo brasileiro e colocadas à disposição da opinião pública, de acordo com estudos desenvolvidos por Paulo Vaz, professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ) e coordenador do Laboratório de Mídia e Medo do Crime.
Para o especialista, que tem seus trabalhos apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), esse discurso midiático com forte viés conservador desconsidera por completo a possibilidade de transformações sociais e legitima a prática de ações autoritárias e truculentas, admitindo inclusive a prática da tortura e as chacinas, desde que tais ações sirvam para “proteger os bons dos maus”.
Em entrevista exclusiva ao site do SINPRO-SP, Vaz analisa os impactos e as conseqüências desse noticiário – “temos uma sociedade atormentada pela cultura do medo e da histeria coletiva” – e diz que o jornalismo brasileiro é pautado pela homogeneidade e pelas mesmas abordagens e discursos. “Não há vozes dissonantes. É terrível”.
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