Engana-se, no entanto, quem imagina que esse processo de escolha e seleção tenha sido fácil e tranqüilo. Quando começaram a idealizar o projeto e rascunhar suas linhas gerais, os organizadores pretendiam incluir vinte personagens no livro. Perceberam que ele ficaria muito grande. E caro. Reduziram as expectativas. E chegaram a doze nomes, seguindo os critérios já apresentados.
Nesse caminho, algumas exceções foram abertas – Guimarães Rosa e Machado de Assis emplacaram dois personagens cada. “Não tinha jeito, são autores muito ricos”, explica Benjamin. No caso de Jorge Amado, a primeira idéia era contar a história de Gabriela, mas Afonso Romano, o responsável pelo texto, fez com que os organizadores mudassem de foco, fechando então com Dona Flor, que incorpora Gabriela, mas vai além dela.
Benjamin lembra ainda que foram feitas algumas opções e inclusões ousadas e atrevidas. “É o caso da Emília, alguém que vem da literatura infantil. Queríamos alguém de São Paulo. E o Monteiro Lobato é um autor que pensa essa questão nacional, que pretende idealizar um capitalismo à brasileira.
Nunca é demais lembrar que a Emília é também uma projeção ou catarse dos próprios desejos de seu criador – uma boneca que espinafra os ritos estabelecidos pelo mundo adulto”, completa o organizador.