Livro revela alguns truques que os autores de literatura usam para fisgar o leitor
Elisa Marconi e Francisco Bicudo
O que faz de um livro uma grande obra? E o que faz uma obra da literatura ser considerada uma narrativa universal, duradoura e, mesmo que antiga, contemporânea? Uma das respostas possíveis é a maneira como o autor traduz em palavras aspectos da alma humana. Mas há mais que isso. Será que existiria algo comum a todos esses livros? Segredos que ajudam a desvendar o mistério que é manter o leitor preso à história, encantado, fascinado, página após página? Thais Manzano acredita que sim. Ela é autora de Artimanhas da ficção, recém-lançado pela editora Terceiro Nome, um livro que por meio de 18 ensaios procura desnudar as estratégias de sedução que autores de 20 obras clássicas da literatura mundial usaram para conquistar o público.
Thais, que é jornalista e professora de história da literatura na pós-graduação da Fundação Álvares Penteado (FAAP), em São Paulo, analisa obras como Dom Quixote (Miguel de Cervantes), Madame Bovary (Gustave Flaubert), Morte em Veneza (Thomas Mann) e Grande Sertão Veredas (Guimarães Rosa). Em todos os livros, encontrou essas chamadas artimanhas que encantam o leitor – muitas vezes sem ele perceber – e resolveu assim escrever sobre elas. “Nunca com o intuito de esgotar os segredos da ficção, afinal, o que a torna irresistível é justamente a quantidade enorme de segredos que ela tem”, explica a autora. Sua vontade maior foi, ao enumerar, analisar e desvelar alguns desses truques, tornar transparentes as regras desse jogo que o escritor propõe para o seu leitor. E ela garante que contar os segredos não acaba com a graça da leitura. “Muito pelo contrário. O conhecimento permite que a pessoa penetre em universos até então impensáveis e possa entender mais as obras, fruir melhor a experiência, se sofisticar e, com certeza, gostar muito mais de ler”.
Os melhores trechos dessa agradável conversa você pode acompanhar aqui.