Especialista em televisão para o público infantil lança livro e ajuda pais e professores na difícil tarefa de educar para a mídia
Elisa Marconi e Francisco Bicudo
Não tem muito jeito. Quando o assunto é televisão, as opiniões são divergentes. Da discussão sobre o tempo que se passa na frente da telinha à clássica pergunta sobre se TV forma, informa ou deforma, passando pelo embate sobre a qualidade da programação, há análises que apontam para caminhos variados. O debate torna-se mais complexo quando a TV em questão é aquela voltada para as crianças. Esse é um público que não pára de crescer e de reivindicar o domínio do controle remoto para assistir a cada vez mais horas de programação por dia. Segundo pesquisa desenvolvida pelo Ibope em 2005, as meninas e os meninos brasileiros de quatro a 11 anos passam cerca de 4,5 horas diárias na frente da TV. Um exagero, de acordo com padrões internacionais. Estudo publicado em 2004 na revista científica Pediatrics, dos Estados Unidos, sugere que crianças menores de dois anos não assistam TV e recomenda que as mais velhas não fiquem mais de duas horas por dia em frente ao aparelho. Dimitri Christakis, médico do Hospital das Crianças de Seattle e autor da pesquisa, afirma que cada hora por dia passada em frente à TV aumenta, em média, em 10% as chances de a criança desenvolver a síndrome do déficit de atenção.
E os questionamentos não param por aí. Pais e educadores, em geral, têm dúvidas sobre a relação mais íntima das crianças com a televisão e questionam: o que faz mesmo bem? Qual é a programação mais apropriada para cada faixa etária? Como evitar que os menores assistam a cenas de violência e sexo, ou que os maiores sejam incentivados a consumir desenfreadamente? A boa notícia é que existe uma série de especialistas pensando a respeito dessas e de outras tantas perguntas que assombram todos aqueles que educam meninos e meninas.
Uma dessas especialistas em TV para o público infantil é Bia Rosenberg. Durante a década de 1990 e boa parte dos anos 2000, ela esteve à frente de produções consagradas por pais e filhos e que iam e ainda vão ao ar pela TV Cultura de São Paulo. Estamos falando dos clássicos e elogiados Cocoricó, Castelo Rá-Tim-Bum, X-Tudo e Glub Glub. Depois de quase 25 anos navegando por essa área tão especial, a radialista graduada pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e mestre em Telecomunicações pela Universidade de San Diego, na Califórnia, Estados Unidos, resolveu compilar os conhecimentos adquiridos e compartilhá-los com o grande público; para isso, escreveu e lançou no último dia 29 de julho o livro A TV que seu filho vê.
Longe de ser um panfleto contrário à audiência televisiva formada por crianças, o intuito da obra é fazer os adultos refletirem a respeito dos próprios valores e dos princípios que desejam passar para os pequenos e, a partir disso, fazer da TV uma aliada.
Baseada em pesquisas internacionais, experiência pessoal e profissional e, claro, nas perguntas que mães, pais, professores e jornalistas sempre fizeram sobre como lidar com a televisão, Bia sugere que as famílias devam acompanhar de perto e sempre que possível o que seus filhos estão assistindo. Com esse conhecimento e mais alguns macetes ensinados (numa linguagem bem clara, nada acadêmica e até facilitada por muitas listas e tópicos), a autora garante que dá para se sair bem e proveitosamente das situações que a convivência com a programação televisiva impõe. “Os comentários e questionamentos que uma criança levanta depois de assistir a um programa não devem ser ignorados pelos pais e professores”, revela; afinal, “não dá para não enxergar que a visão de mundo que os filhos carregam ao longo da vida é influenciada pelos conceitos presentes nos programas de televisão”.
O SINPRO-SP conversou com Bia Rosenberg. A entrevista traz informações relevantes sobre o fazer televisivo e orientações sobre como aproveitar a televisão como um instrumento favorável à educação de crianças.
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