Por Elisa Marconi e Francisco Bicudo
Mais do que os nomes dos candidatos eleitos aos cargos de prefeito e vereador dos mais de cinco mil municípios brasileiros, o que saiu das urnas no último mês de outubro foi uma fotografia de como pensam e o que desejam, em termos de projetos políticos, os cidadãos do país. Para o cientista político e coordenador do departamento de pós-graduação em Ciência Política da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Fernando Antônio Azevedo, os resultados das eleições municipais reafirmam a idéia de o “Brasil ser um país de centro. Nem de esquerda e nem de direita”.
Segundo o especialista, os números finais ajudam a sustentar essa perspectiva. Pela chamada base aliada, o PMDB, que disputou o segundo turno em 11 cidades, um número expressivo (só atrás do PT, presente em 15 municípios) controla agora 1194 prefeituras. O PT também cresceu em número de administrações conquistadas e passa a comandar 557 prefeituras. Além de PT e PMDB saírem fortalecidos, houve crescimento para o PSB, que elegeu 77% mais prefeitos do que há quatro anos, chegando a 309 prefeituras. Os socialistas disputaram o segundo turno em seis cidades. O PTB e o PP, que também compõem a base de apoio ao presidente Lula, mantiveram-se praticamente na mesma situação, não cresceram nem diminuíram. E, por fim, o PC do B passou de 10 para 40 prefeitos eleitos, um crescimento de 300% em quatro anos.
Mesmo que as forças de oposição, como o DEM de Antônio Carlos Magalhães Neto, o PPS de Ciro Gomes e o PSDB de José Serra e Aécio Neves tenham perdido prefeituras, elas também tiveram conquistas importantes. Os tucanos, por exemplo, saíram fortalecidos ao alcançar, via alianças, as prefeituras de São Paulo e Belo Horizonte, além da reeleição em primeiro turno de Beto Richa, em Curitiba. Já os democratas, além de mostrarem que o carlismo não desapareceu na Bahia, terão sob seu comando por mais quatro anos a principal capital do país. Do ponto de vista dos personagens políticos, a liderança nacional que parece se consolidar no campo oposicionista é mesmo a de Serra. “Aécio, embora vitorioso em Minas Gerais, sai chamuscado porque a aliança que conseguiu viabilizar no estado não deve se repetir em 2010” explica o professor da UFSCar.
Na entrevista que concedeu ao site do SINPRO-SP, o cientista político analisa ainda para os leitores quais são as forças e os atores políticos em ascensão e em queda. Ele fala sobre o papel da propaganda política e de como ela influencia nas decisões do eleitor. Leia agora os melhores trechos da conversa.