Foi através desses aspectos que Fermiano fez uma proposta de intervenção, baseada em uma educação econômica, considerando a identidade, a mídia e o cotidiano econômico. Como economista e pedagoga, ela via muitos desses desdobramentos mais sob um ponto de vista macro. Com a tese, ela constatou que é preciso se deter mais no nível micro, desde a concepção de organização e planejamento familiar e da própria criança. Para a educadora, é importante encorajar as crianças a registrarem suas economias num livro-caixa, para depois tomarem consciência de quanto gastaram.
Para entender o universo infantil, ela aprofundou-se mais e verificou o que as crianças normalmente compram com o seu dinheiro. O resultado surpreendeu: doces, refrigerantes, balas, chicletes e iogurte, além de miudezas como adesivos, bijuterias, figurinhas. A pedagoga diz que não consegue compreender estes gastos, visto que os pais já fazem compras periódicas, suprindo a casa com esses itens, fato que vem reforçar que os tweens não têm noção dos seus gastos.
Um último conselho dado pela economista é que os pais precisam instruir os seus filhos a controlarem o dinheiro que recebem e entender as diferenças entre suas necessidades e desejos. Isso em relação à economia. Em relação à mídia, é preciso acompanhar e discutir com eles o que estão vendo na televisão. Uma forma de ação é questioná-los se acharam correta determinada atitude, procurando evitar com isso que se projetem na identidade de uma criança mais velha. “Muitos pais ficam encantados porque a criança está pegando o jeito de adulto. Alguns incentivam mais ainda. É um erro que se comete psicologicamente”, acredita.
A importância deste longo trabalho, expõe Fermiano, é que ele está ampliando campo para uma nova linha de pesquisa, que é a educação econômica, que desde 2006 sinaliza na FE esta necessidade. Esta linha iniciou na Unicamp com a sua tese de doutorado e de mais outras cinco integrantes, todas defendidas no LPG. “Insisto que a educação econômica é uma proposta que vem alinhavando estes desafios da globalização na educação. Precisa ser mais estudada e mais investigada, contudo hoje já existe um panorama mais favorável a ela.”