Por Francisco Bicudo
A educação a distância é um dos melhores instrumentos de combate à exclusão social. Ao mesmo tempo em que permite que a pessoa estude sem ter de percorrer grandes distâncias, em um país com dimensões continentais, como é o caso do Brasil, ela pode representar abrigo para um excedente de milhões de estudantes que, no ensino superior, não conseguem vagas nas universidades públicas, e não têm condições financeiras para freqüentar uma instituição privada.
A análise é feita por João Carlos Teatini, Secretário Nacional de Educação a Distância do Ministério da Educação (MEC). Ele afirma que, em 2003, as instituições públicas ofereceram 250 mil vagas, para um total de quatro milhões e duzentos mil candidatos. Nas particulares, a oferta foi de um milhão de vagas, mas 300 mil não foram preenchidas, já que parcela significativa da sociedade não tem como pagar as altas mensalidades cobradas. “Já temos capacidade e competência acumuladas para fazer ensino a distância com qualidade e alcance, ajudando a preencher essas lacunas”, diz o Secretário, que é engenheiro civil e professor da Universidade de Brasília (UnB) há quase 30 anos.
Em entrevista exclusiva ao site do SINPRO-SP, ele garante que é possível fazer ensino a distância com ferramentas bastante simples, e ainda assim obter sucesso. “O importante é a forma como o projeto é idealizado e cumprido”, destaca. Ao falar sobre os programas desenvolvidos pela Secretaria, Teatini destaca o TV Escola, usado para capacitar os professores que desejam trabalhar com vídeos; o Pró-Formação, curso de magistério para professores que não têm o segundo grau; e o Rádio Escola, desenvolvido em parceria com a Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). As metas de atuação da Secretaria são ousadas: em quatro anos, pretende-se abrir mais 250 mil vagas em ensino superior a distância (atualmente, há pouco mais de 84 mil estudantes matriculados nesses cursos, sendo que aproximadamente 67 mil deles “freqüentam” cursoA?s de licenciatura). Até o final de 2003, o objetivo é ampliar de 53 mil para 60 mil o número de computadores instalados em escolas públicas do país. Os investimentos na área, até o final do governo Lula, devem atingir 600 milhões de reais. “A ferramenta mais adequada para promover a democratização do acesso à educação é o ensino a distância”, reforça.