Por Elisa Marconi e Francisco Bicudo
Traduzida em números, a Bienal Internacional de São Paulo pode ser representada como uma grande exposição, composta por 27% de telas, 28% de fotografias e 45% de outras formas de trabalhos visuais, entre vídeos, instalações e esculturas. É também uma mostra que reúne 135 artistas de 62 países, sendo 20 deles brasileiros. Mas o evento é, sabidamente, mais que isso. Nas palavras do diretor presidente da Fundação Bienal de São Paulo, Manoel Pires da Costa, “trata-se de uma festa multi-cultural, um pedacinho do mundo que se encontra no Parque do Ibirapuera”. O evento é resultado de dois anos de pesquisa e garimpo de artistas e de suas obras, preparação, produção e montagem, com objetivo, segundo os organizadores, de mostrar ao público o que há de novo em termos de valores, conceitos e movimentos culturais.
Nesta edição, algumas novidades oferecem mais destaque à festa. A primeira se refere ao foco dos expositores. “Em 2004 há só obras contemporâneas. Todos os artistas fazem parte da atualidade e essa foi uma escolha consciente, para que as pessoas fiquem sabendo o que está acontecendo nas artes do mundo hoje”, explica Costa. Embora traga orgulho aos organizadores e à curadoria, a seleção não agradou muito ao público. “As bienais sempre apresentaram uma parte moderna e outra histórica, o que é bom para a gente ir percebendo a evolução das artes e até do mundo”, queixa-se a professora de Artes Visuais da Faculdade de Artes Alcântara Machado (FAAM), Nele Azevedo, que já visitou a Bienal no dia de sua inauguração e também no dia 26 último. Segundo a organização, a escolha apenas por contemporâneos pretende promover um resgate das raízes da Bienal, que nasceu para apontar as vanguardas das artes visuais. “Enquanto São Paulo não possuía museus e instituições que dessem conta da história das artes, era papel da Bienal expor essa história. Hoje a arte histórica está mais que contemplada nos museus e nas grandes exposições que a cidade recebe”, explica o presidente da Fundação Bienal.