O desenvolvimento da microeletrônica está todo baseado na diminuição das peças e dispositivos. Um processador Pentium, por exemplo, se fosse feito como antigamente, precisaria de 40 milhões de transistores e ocuparia a área de uma cidade inteira. Hoje, toda essa tecnologia cabe na palma da mão. Ainda assim, embora essa medida seja já muito pequena, segundo os cientistas ainda há muito espaço ocioso. Ou seja: é possível reduzir ainda mais suas dimensões. “No Pentium, são necessários nove milhões de átomos para guardar informações muito simples como 1 e 0, ou seja, sim e não”, coloca o professor do IQ. Para comparar, o cérebro humano, com sua área bem reduzida, trabalha como uma rede de bilhões de computadores atuando simultaneamente, processando 1017 informações por segundo. “A lição que tudo isso traz é: dá sim para reduzir muito a dimensão dos ‘cérebros’ das máquinas”, garante Toma. E essa é a busca central da nanotecnologia: diminuir à escala molecular e aumentar a eficiência das máquinas e dispositivos.
Reduzir o tamanho é importante por duas razões principais. A primeira diz respeito ao próprio material, que ganha maior potencial de trabalho e de armazenamento de informações quando em dimensões nanométricas, segundo o professor Toma. E o outro motivo é o cuidado com o próprio planeta. Dimensões menores ocupam menos espaço e consomem menos energia e recursos. Esse carinho e preocupação, segundo o pesquisador, são conseqüência dos princípios filosóficos que representam a base da nanotecnologia. “Foi-se o tempo em que as exatas estavam separadas das humanidades. Hoje, a pesquisa e a ciência são regidas pelo Humanismo, que engloba zelar pelo homem e por seu mundo”, garante o professor do Instituto de Química. É o mesmo Humanismo quem determina a face mais fascinante do mundo miniaturizado. De acordo com Toma, a vida é o modelo de inspiração da nanotecnologia, “a máquina mais potente da natureza é o cérebro, e o mais eficiente sistema de armazenamento de informação é o DNA. A gente se inspira nisso”, revela, confirmando que a meta é chegar a esse grau de excelência nos equipamentos e dispositivos construídos com base na nanotecnologia.