Por Francisco Bicudo
Você já tinha pensado em se deliciar com um livro que trouxesse as biografias de grandes personagens da Literatura Brasileira? Isso mesmo: eu falei personagens, e não autores. Achou a idéia interessante? Pois então se apresse, pois essa possibilidade já existe. Surgiu de uma iniciativa do jornalista Lourenço Dantas Mota, que convidou o professor Benjamin Abdala Junior, do Departamento de Letras Vernáculas da USP, para ajudá-lo. Depois de algumas discussões e seleções, escolheram os doze “biografados”, e fizeram contato com os autores que se responsabilizariam por contar suas histórias. A encomenda foi rápida, coisa de uma semana. Depois de dois meses, os textos estavam entregues.
A etapa de edição, correções e fechamento durou outros três meses. E, no final do ano passado, chegava às livrarias “Personae- Grandes Personagens da Literatura Brasileira”, lançado pela editora do Senac. Suas páginas e capítulos se articulam para nos apresentar uma retrospectiva histórica do jeito de ser e de pensar do brasileiro, e as tentativas de construção de uma identidade nacional. A viagem começa com José de Alencar e sua Iracema, a virgem dos lábios de mel; depois, é a vez dos machadianos Brás Cubas e Capitu (ela traiu ou não?); o palco se abre para o nacionalista Policarpo Quaresma, de Lima Barreto; na seqüência, é a vez da falante boneca Emília; pedem passagem o herói sem nenhum caráter Macunaíma, o contraditório Paulo Honório, de Graciliano Ramos, e Augusto Matraga e Riobaldo Tatarana, duas das grandes figuras de Guimarães Rosa; o Capitão Rodrigo, de Érico Veríssimo, também deixa suas marcas e recados; e o livro chega ao fim com a sensual Dona Flor, de Jorge Amado, e Macabéa, criada por Clarice Lispector.