Elisa Marconi e Francisco Bicudo

Há duas semanas, o cientista político e especialista em Política Internacional, Sebastião Velasco, destacou em entrevista ao site do SINPRO-SP alguns dos motivos que levam parcela representativa da população brasileira a não reconhecer e por consequência não apoiar conquistas recentes obtidas pelo país. Essa postura, afirma o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), embora seja minoritária (mas presente em uma minoria formada pelas classes médias, com força de expressão), poderia ser explicada em um primeiro momento por “um negativismo que vem de uma oposição sem causa e sem programa, uma oposição que tem se limitado a implicar”. Além disso, completa o especialista, a tendência é “mirar o exterior, ter como exemplo países estrangeiros”.

Na conversa, Velasco dava pistas, contudo, de outras reflexões que ajudariam a explicar as razões pelas quais parte dos brasileiros reconhece menos esses avanços (a estabilidade econômica, o enfrentamento da crise financeira mundial e a participação fundamental em eventos e fóruns internacionais, para citar alguns exemplos) do que os estrangeiros. E algumas dessas motivações podem estar relacionadas ao que o senso comum costuma genericamente chamar de “o perfil do brasileiro”. Em seu livro, O que é ser brasileiro (Ed. Relativa), a psicanalista Carmen Backes procura discutir e detalhar exatamente essa questão – trocando em miúdos, como é e se comporta o brasileiro, a partir do olhar do próprio brasileiro.

Carmen, que é professora de psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), faz questão de ressaltar que a obra não oferece respostas absolutas e definitivas a essa pergunta. Ao contrário, pretende abrir o debate sobre as razões de sermos como somos, ou como achamos que somos. Ela sugere algumas linhas de análise: “Muito disso que a gente identifica como insatisfação e descrença no país vem dessa postura que a gente chama em psicanálise de queixoso. Os queixosos são aqueles que reclamam de tudo, para quem nada está bom nunca”. Em busca dessas reflexões, e para mergulhar um pouco mais nesse universo, o Sindicato conversou com a pesquisadora.
Os melhores trechos da conversa você acompanha a aqui