envie por email 

É possível compreender o terror?

O terror faz aflorar mais terror, numa espiral de atentados e invasões que não tem fim. O que sobra de tudo isso – além de centenas, milhares de mortos – é um terrível sentimento de perplexidade, de impotência, a sensação de que o homem estaria retrocedendo às épocas de seus antepassados mais remotos, quando as pendências eram todas resolvidas na base da violência e da força. É possível compreender o terror?

“Não se trata de uma forma de ação política nova. Aliás, é algo bem antigo. Mas com certeza são manifestações que ocupam um espaço muito maior. É uma espiral que se auto-alimenta, se auto-sustenta. O terror de Estado e os bombardeios levam o flagelo às populações civis, gerando outras formas de reação, também baseadas no terror”, afirmou o cientista político e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Emir Sader, durante os “Diálogos Impertinentes”, debate organizado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e transmitido pela Rede Sesc/Senac de Televisão. Dennis Rosenfield, filósofo, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e também participante do debate sugeriu muito cuidado com os conceitos, que, segundo ele, não devem ser usados de maneira genérica, igualando e colocando no mesmo nível ações que têm significados e alcances diferentes.

Ao analisar distintas situações, seria preciso lançar a pergunta: qual foi a intenção, o propósito de cada uma delas? Quem pretendiam atingir? Como fizeram isso? Para ele, o que define um ato terrorista é exatamente a sua intencionalidade, seu objetivo, seu alvo, a forma como a ação é arquitetada e planejada. “Os grupos terroristas palestinos visam prioritariamente atacar a população civil de Israel”, diz, usando como exemplo a explosão de um ônibus ocorrida em Jerusalém no dia 19 de agosto, que matou 18 pessoas e feriu mais de cem. “O Exército de Israel não tem os civis palestinos como objetivo prioritário. Eles são atingidos, e isso é também lamentável, mas como conseqüência do combate e dos conflitos com as organizações terroristas”. A lógica do terror, completa o filósofo, é determinada pelo uso da violência indiscriminada, que não poupa civis, recusa a negociação e vive da destruição. “Não acho que seja uma forma de ação política, pois abandona a razão e rejeita a interlocução”. Sader não concorda com as afirmações do filósofo. Ele reclama de uma certa tradição brasileira de procurar sempre diferenciar e graduar os “terrorismos”. Os palestinos, diz ele, são imediatamente associados ao terrorismo. Os israelenses não seriam condenados da mesma maneira. Ele lembrou das imagens chocantes de pais palestinos protegendo seus filhos diante dos ataques do exército de Israel. Para o professor da UERJ, ocupação brutal do território e violação de símbolos são também manifestações do terrorismo. “Há cinco vezes mais palestinos mortos do que israelenses”, afirmou.

Sem perder de vista também os problemas que envolvem os EUA e sua suposta cruzada contra o “terrorismo”, os dois intelectuais, durante o debate, relembraram a sensação de perplexidade que tomou conta do planeta depois dos atentados ao World Trade Center. O 11 de setembro, afirmou Sader, ajudou a introduzir no mundo a chamada espiral da violência. Nesse ponto, ele e Rosenfield concordam. O professor da UFRGS disse que a queda das torres gêmeas em Nova Iorque deu início a um outro tipo de pensamento e ação norte-americanos. Até então, a perspectiva de segurança estaria voltada para a proteção interna do território – o escudo contra mísseis intercontinentais e o projeto “Guerra nas Estrelas” seriam duas vertentes dessa ideologia. Com os atentados, a doutrina Bush e sua idéia de ataques preventivos e de “guerras justas” se tornam a tônica da política externa dos EUA. “A hegemonia americana não se dá pelo consenso, mas pelo uso da força”, completou Sader.

Leia também
Terrorismo: é possível compreendê-lo?
Câncer que precisar ser removido


ver todas as anteriores
| 03.02.12
De onde viemos

| 11.11.11
As violências na escola

| 18.10.11
Mini-Web

| 30.09.11
Outras Brasílias

 

Atualize seus dados no SinproSP
Logo Twitter Logo SoundCloud Logo YouTube Logo Facebook
Plano de saúde para professores
Cadastre-se e fique por dentro de tudo o que acontece no SINPRO-SP.
 
Sindicato dos Professores de São Paulo
Rua Borges Lagoa, 208, Vila Clementino, São Paulo, SP – CEP 04038-000
Tel.: (11) 5080-5988 - Fax: (11) 5080-5985
Websindical - Sistema de recolhimentos