No caso da Colômbia, Urbano afirma que, em contextos determinados, uma organização revolucionária é capaz de impor derrotas às oligarquias, às elites e ao maior exército da América Latina. Ele garante: os norte-americanos não têm solução para o problema e não sabem como agir para enfrentar as Forças Revolucionárias da Colômbia (FARC). Já na Venezuela, que recentemente referendou, por voto popular, a presença do presidente Hugo Chavez até o final de seu mandato, a mensagem que estaria sendo transmitida a outros povos é que é possível transformar a sociedade de forma radical, usando para isso os próprios instrumentos que a burguesia criou para servi-la. “Olhando para o mapa do mundo, não podemos também ignorar as manifestações e as lutas sociais na Europa, até mesmo em países cujos governos são solidários aos Estados Unidos. As mobilizações contra a guerra no Iraque, que reuniram milhões de pessoas, são um exemplo claro dessas distâncias, fraturas e contradições”, completa Urbano.
A essa altura, seduzida e encantada pelos argumentos e pelo raciocínio, mas agoniada pela dramaticidade da crise anunciada, a platéia presente ao debate se perguntava: há saídas? Urbano acredita que existe um repúdio e rejeição cada vez maiores ao projeto imperialista que transforma seres humanos e nações em escravos. No entanto, ele admite que o mesmo consenso não se manifesta quando se pensa em como superar a globalização neoliberal – e as divergências se manifestam por meio de complexas questões práticas e teóricas. Uma das primeiras dúvidas diz respeito a quais forças políticas seriam responsáveis por liderar o processo de resistência e transformação. Seriam os partidos políticos tradicionais? As organizações não-governamentais? O movimento popular? “As manifestações anti-globalização cumpriram um papel importante, mas esse espontaneísmo tende a se esgotar, se não houver uma organização de liderança”, destaca o jornalista português. Ele imagina que um dos grandes erros contemporâneos das forças que se opõem à globalização é imaginar que, antes de agir, é preciso formular uma teoria perfeita. “Isso imobiliza e permite o avanço de forças que ameaçam a humanidade”, diz. Para ele, o primeiro passo para as mudanças é tomar consciência da gravidade da situação. Em seguida, garante que aquilo que não é possível pactuar no plano teórico pode se resolver com as mobilizações. “Só com a teorização fria, incapaz de penetrar os corações, não vamos conseguir resistir”, garante.