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Provocações

O debate tornou-se ainda mais rico com as provocações – no bom sentido – feitas pelo especialista em geografia humana e editor do jornal “Mundo”, Demetrio Magnoli. Ele sustentou seus argumentos na discordância em relação ao método de análise utilizado por Urbano, que classificou de “mágico”, e que identificaria, sempre e em qualquer situação, duas entidades em conflito – um sistema de poder e a humanidade. “Baseado na dualidade do bem e do mal, essa perspectiva molda os fatos a um ponto de vista precário, construído anteriormente, e dispensa as singularidades e especificidades”, contesta Magnoli. Para ele, não é possível fazer a associação imediata entre Hugo Chavez e Simon Bolívar – o libertador da América Latina. Também não se pode ignorar a ascensão de uma nova doutrina de política externa dos Estados Unidos, que não é a expressão de momentos anteriores. Segundo ele, a chamada “Doutrina Bush está longe de ser uma continuidade, e representa uma ruptura. “Talvez produza uma crise de poder no próprio sistema dominante, já que aparecem os choques com antigos aliados europeus”, completa. Magnoli lembra ainda que a análise do atual cenário internacional não pode abrir mão de compreender o fundamentalismo islâmico. Ele pergunta: “o que aconteceu com as esquerdas, com os socialistas e comunistas? Por que se transformaram em marginais, em pequenas seitas?” Para ele, parte da resposta está no fato de os novos partidos e lideranças progressistas e revolucionários priorizarem e elogiarem as guerrilhas pequenas – a Venezuela, por exemplo –, sem a capacidade de observar as lutas sociais permanentes – a resistência, na França e na Alemanha, à precarização do trabalho. “A esquerda abandonou a vontade de ser maioria, de conquistar mentes e corações de construir hegemonias democráticas. Quando faz isso, entra em uma crise de auto-destruição”, afirma.

As diferentes interpretações e leituras sobre o atual estágio de desenvolvimento da humanidade foram a porta de entrada para as considerações do segundo provocador-debatedor, o analista político João Guilherme Vargas Netto. Ele lembra que há obras dos mais respeitados pensadores do planeta que apontam para caminhos distintos – quando não opostos. Há quem fale em breve século XX, outro que destaca o longo século XX, autor que estabelece a diferença entre império e imperialismo e pensador que cria os limites entre capital e capitalismo. “E como eu me arrumo?”, provocou. Sem pensar duas vezes, ele sugere o resgate de uma obra escrita por Vladimir Lênin em 1916, e traduzida como “Imperalismo, etapa superior do capitalismo”, mas cujo título original era “Aspectos novos do capitalismo”. No livro, o líder da Revolução Russa de 1917 aponta a concentração acelerada dos recursos financeiros, a fusão entre o capital financeiro e industrial, o controle dos monopólios e a partilha do mundo como idéias essenciais do projeto capitalista. “Não encontro esquema mais favorável do que esse para a compreensão do mundo contemporâneo”, garante o analista. Simples transposição e reprodução de ações e modelos antigos? “Não. É um ponto de partida para reflexões. Vamos soltar as cabeças e pensar. Uma experiência de 70 anos foi de fato derrotada. Perdemos. Vamos refundá-la”, finalizou.

Divergentes – e essa é a essência da democracia –, as análises revelaram a necessidade de se consolidar esse espaço de reflexões e despertaram na platéia o desejo de que tais iniciativas e debates se repitam. Em breve.

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