O confronto de fundamentalismos que dá o título à obra e marca o início do século XX é definido por Ali como o conflito que surge da vontade de um Império que tenta impor sua política econômica ao restante do planeta. É essa tentativa autoritária quem acaba gerando outros tipos de fundamentalismos, que aparecem como respostas ao modelo de globalização neoliberal idealizado pelos EUA. “E não é só o Islã. Por oposição, outros tipos de reação acabam surgindo. O fundamentalismo cristão é hoje muito forte dentro da própria nação norte-americana”, alerta. Mais uma vez, ele não faz rodeios e bota o dedo na ferida ao garantir que, jogadas todas as fichas na mesa, o extremismo islâmico torna-se muito mais fraco, quando comparado ao fundamentalismo americano.
A análise feita pelo escritor bate de frente com a idéia do “choque de civilizações”, apresentada pelo intelectual Samuel Huntington em meados da década de 90. Segundo Ali, aquela era uma construção bastante ideologizada, que tinha como objetivo maior fortalecer os EUA. Ele lembra que Huntington falava na existência de várias civilizações – a chinesa, a islâmica, a hindu, a budista –, mas ressaltava que a ocidental seria sempre a melhor. “Depois do 11 de setembro, ele mudou o rumo da conversa e passou a defender que todo o restante do planeta se juntasse contra o Islã. Isso não passa de uma bobagem. Desculpem-me, mas é isso mesmo: bobagem” insistiu, arrancando risos da platéia.