Em relação a 2000, o PSDB perdeu 119 prefeituras, mas ainda administra 871 municípios, sendo cinco capitais. Entre elas, São Paulo, certamente a principal conquista tucana da temporada, e que novamente deve se apresentar como fiel da balança, inclusive em disputas futuras. O sociólogo Leôncio Martins Rodrigues destaca, na Folha de 01 de novembro, a recuperação e consolidação do PSDB como principal partido de oposição ao governo Lula. “Essa recuperação deve ser mais valorizada por ter ocorrido nas regiões mais desenvolvidas do país”, afirma. O editor de política da Folha, Fernando Rodrigues, escreve na edição de 02 de novembro que, deixando a capital paulista de lado, os petistas governam 17 milhões de brasileiros, e os tucanos, 18 milhões. Mas, embora os peessedebistas vençam no número de governados, o PT leva certa vantagem nos grandes centros urbanos.
“Os dois se fixam como os grandes do país. Os outros, com mais ou menos influência, serão satélites”, explica o cientista político e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Pulo (PUC-SP), Francisco Fonseca. Assim, segundo ele, grandes partidos – ainda gordos em números e conquistas -, como o PMDB (1.054 prefeituras) e o PFL (792 prefeituras), passam a ocupar um lugar secundário na cena política. Mas não sem ter direito a seus próprios paradoxos. É que, mesmo envolvido com uma série de brigas internas e vivendo uma eterna crise de identidade, o PMDB é o recordista em número de prefeitos eleitos. Já o PFL sai do processo ostentando a derrota mais vergonhosa dessa safra – a de Salvador, reduto histórico de Antônio Carlos Magalhães. Como analisa e reforça Fonseca, “houve vitórias pontuais e previsíveis, como a de César Maia no Rio de Janeiro. E houve derrotas curiosas, como a de César Borges, candidato carlista na capital da Bahia, que perdeu por mais de 60 pontos percentuais de diferença”.