envie por email 

Mudanças no quadro político

Será, então, que nesse refluxo para o centro, direita e esquerda clássicas estariam sumindo do mapa político do Brasil? Paulo Maluf, do PP, maior representante do conservadorismo paulistano, ficou com apenas 15% dos votos da capital e, em Salvador, o candidato de ACM conheceu uma derrota até pouco tempo impensável. O prefeito eleito da cidade, João Henrique, do PDT, abocanhou quase 75% dos votos válidos. O professor da PUC-SP especula que a direita está órfã – e seus eleitores também. O destino deles? “Uma parte vai continuar com seus partidos de origem, mas outra, com certeza, migra para o PSDB”, responde. Órfã também parece estar uma parcela da antiga esquerda, que já não enxerga no PT o representante legítimo de seus anseios e demandas – e também não acredita que partidos como o PSTU e o PCO possam ocupar esse espaço e cumprir esse papel.

Francisco Fonseca, no entanto, não concorda com a tese de que o histórico conservador da capital paulista tenha sido o responsável maior pela eleição de José Serra. “O voto de São Paulo, mais que conservador, é um voto de oposição, sempre contrário ao que está posto”. Isso explicaria a eleição de uma mulher nordestina, depois de um cacique tradicional, em seguida de um negro carioca desconhecido, para se chegar a uma paulistana quatrocentona, rica e loira e, mais recentemente, a um economista nascido no bairro da Moóca. Ou seja, a derrota da atual prefeita Marta Suplicy estaria totalmente inserida nesse quadro.

No caso da disputa paulistana, há um outro fator que não pode ser esquecido. Em entrevista à revista “Carta Capital” de 10 de novembro de 2004, o diretor do Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística (Ibope), Carlos Augusto Montenegro, afirma que não foi a administração petista que foi mal avaliada, e sim a figura da prefeita, que não desperta a simpatia dos paulistanos. “Além do destempero em algumas situações, pode sim ter havido preconceito contra ela. Talvez essa história da separação”, arrisca o cientista político. O fato é que a prefeita não conseguiu transformar em votos a sua boa avaliação. Às vésperas da eleição, a gestão Marta Suplicy apresentava, segundo o mesmo Ibope, 48% de ótimo e bom e 34% de regular no índice de aprovação. Uma das melhores taxas já registradas. O que reforça ainda mais o paradoxo do último pleito: embora fosse prefeita e bem avaliada, Marta perdeu a eleição. É verdade que não foi uma surra (Serra teve 55% dos votos válidos, e ela, 45%), mas foi uma derrota importante para as pretensões do PT no quadro político do país. Embora tenha perdido, Marta acumulou um bom capital político, e se fortalece como uma das principais – senão a principal – opção do PT para a disputa do governo do estado, em 2006. O PSDB já percebeu esse cenário. E não gosta dele. “É que, enquanto as coisas no PT vão se encaminhando para a candidatura de Marta, a despeito das pretensões do senador Aloísio Mercadante e do presidente do partido, José Genoíno, no PSDB o quadro não é tão claro”, aposta Fonseca. Na mesma entrevista à “Carta Capital”, Carlos Augusto Montenegro afirma achar difícil que José Serra se candidate a governador. Para isso, deveria se abandonar a cadeira dois anos antes do final do mandato, possibilidade que rejeitou durante toda a campanha municipal. Mais ainda: segundo o diretor do Ibope, os eleitores não admitiriam isso.

Leia também
O Brasil que começa
Disputas futuras
De olho em 2006


ver todas as anteriores
| 03.02.12
De onde viemos

| 11.11.11
As violências na escola

| 18.10.11
Mini-Web

| 30.09.11
Outras Brasílias

 

Atualize seus dados no SinproSP
Logo Twitter Logo SoundCloud Logo YouTube Logo Facebook
Plano de saúde para professores
Cadastre-se e fique por dentro de tudo o que acontece no SINPRO-SP.
 
Sindicato dos Professores de São Paulo
Rua Borges Lagoa, 208, Vila Clementino, São Paulo, SP – CEP 04038-000
Tel.: (11) 5080-5988 - Fax: (11) 5080-5985
Websindical - Sistema de recolhimentos