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Quem poderá substituir Arafat?

Quando se assiste novamente às imagens, a pergunta que fica é: quem poderá substituir Arafat? A eleição está marcada para 09 de janeiro de 2005, e a tarefa de sucessão não será fácil. Internamente, o novo líder deverá ter o apoio da população e, de preferência, saber negociar e ter o controle sobre os grupos radicais. Externamente, o mundo espera um político moderado, que esteja disposto a negociar com Israel e dar fim aos conflitos. Para Rudzit, “o sucessor vai precisar retomar as conversas abandonadas em 2000”. O professor Olic, da PUC-SP, destaca que, quem quer que seja o eleito, terá de lidar e dar respostas a cinco pontos. O primeiro é o tamanho do Estado Palestino. Qual será ele, afinal? Hoje, 78% da região continuam nas mãos de Israel. Sobram para os palestinos 22%, que correspondem à soma de Gaza e Cisjordânia, e que equivalem a seis mil quilômetros quadrados, ou 1/3 do estado de Sergipe, o menor do Brasil.

O segundo ponto é: onde será a capital palestina? Jerusalém, segundo a ONU, deveria ser administrada internacionalmente, já que é foco de cobiça de populações diversas e das três grandes religiões do planeta (catolicismo, judaísmo e islamismo). Caso a resolução da ONU não seja cumprida, “seria criada uma situação estranhíssima, uma capital bi-nacional”, sugere Olic.

A terceira questão é a dos refugiados. Desde a Guerra de Independência de Israel, em 1948 e 1949, e, mais fortemente em 1967, milhares de palestinos foram expulsos de suas casas e saíram do país. Hoje, há cerca de quatro milhões de palestinos fora dos territórios de Gaza e Cisjordânia. Um número muito maior do que os que vivem nesses locais. Teoricamente, quando o acordo definitivo for assinado, todos os refugiados terão direito a voltar. “Seria uma loucura. A região é muito pequena. Somando Israel e Palestina, são 27 mil quilômetros quadrados, mais ou menos o tamanho de Alagoas. Não caberia todo mundo”, alerta Bacic Olic. O novo governante da Autoridade Palestina vai ter que resolver o que fazer com toda essa população.

O desmantelamento das colônias judaicas instaladas em Gaza e Cisjordânia é o problema de número quatro. Esses povoamentos, em geral, são ultra-ortodoxos e, se no passado, serviram de base para a ascensão da direita ao poder de Israel, hoje mostram-se insatisfeitos com as políticas de Ariel Sharon. O motivo seria a decisão unilateral de Israel de esvaziar as colônias de Gaza.

Por fim, o último ponto que terá de ser trabalhado é, certamente, um dos mais polêmicos. Trata-se do uso dos recursos hídricos – questão fundamental e decisiva em uma região tomada por desertos. Nenhum plano de Israel deu à Palestina, por exemplo, a administração sobre as águas do rio Jordão, e os israelenses guardam estreitas relações econômicas, estratégicas, históricas e simbólicas com esse curso de água.

Enquanto os palestinos não elegem seu novo líder, o planeta segue em compasso de espera. As negociações pela paz e pela criação do Estado Palestino estão em suspenso. Após a morte de Arafat, episódios violentos não voltaram a acontecer nem em Israel, nem nos territórios ocupados. O que parece se manifestar é uma espécie de trégua não oficial, que leva uma relativa tranqüilidade à região. “Chega a ser assustadora essa quietude, numa região tão explosiva como essa”, alerta o pesquisador do NAIPPE. Tanto ele quanto o professor Nelson Bacic Olic acreditam que agora é preciso esperar para ver quem serão os candidatos que se apresentarão à disputa pela Autoridade Palestina, além de “desejar que os Estados Unidos não se manifestem sobre seu preferido, porque esse candidato fatalmente perderia, dada a repulsa dos palestinos aos EUA”. Bacic Olic não esconde sua torcida para que “a população escolha o melhor nome, ou seja, aquele que esteja realmente disposto a atender o povo palestino e, ao mesmo tempo, colocar fim ao conflito”.

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