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Pesquisa e ensino: dois mundos distintos e distanciados

Priscilla Brossi Gutierre

No início do ano, a comunidade científica brasileira recebeu uma notícia animadora: o país subiu no ranking da International Mathematical Union (IMU), que mede o nível de desenvolvimento em pesquisa em matemática no mundo, passando para o Grupo IV, ao lado de países como Holanda, Suécia, Suíça e Espanha.

O reconhecimento do trabalho dos pesquisadores nacionais contrasta com resultados de avaliações que medem a aprendizagem da matemática no Brasil. O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) 2003 apontou deficiências relevantes, como a própria equipe do INEP, órgão do MEC responsável pelo levantamento, reconhece em artigo divulgado no site: “o aprendizado de matemática na educação básica está abaixo do que seria aceitável”.

Outro estudo também revela problemas. No Programa Internacional de Avaliação de Alunos 2003, conhecido como PISA, o Brasil ficou em último lugar na pontuação média. Realizado a cada três anos pela Organização para Cooperação de Desenvolvimento Econômico (OECD), o PISA tem o objetivo de verificar o desempenho de estudantes na faixa de 15 anos, levando em conta os conhecimentos adquiridos e a capacidade dos jovens de analisar, raciocinar e comunicar idéias em áreas como leitura, matemática e ciências. Na edição de 2003, a matemática foi o foco principal.

Problemas em sala de aula
Para a presidente da Sociedade Brasileira de Matemática, Suely Druck, a qualidade da nossa pesquisa em Matemática de fato não se reflete no ensino. “Atualmente no Brasil, pesquisa e ensino em matemática compõem mundos distintos e distanciados. O primeiro cumpre com competência o seu papel de produzir conhecimento e formar recursos humanos para pesquisa. Já o segundo vem cumprindo muito mal o seu papel de transferir conhecimento e formar cidadãos, e ainda se debate com questões primárias e até surrealistas que dizem respeito à sua missão, como por exemplo, se o professor de matemática precisa conhecer matemática em profundidade”, afirma em entrevista para o site do SINPRO-SP.

Marcia Rodrigues, assessora pedagógica na área de matemática da coleção didática “Pensar e Construir” (editora Scipione) concorda que são muitos os problemas no ensino da disciplina. Mas enfatiza que é fundamental o investimento na capacitação dos professores. “As escolas precisam incentivar, dar condições de capacitação e os professores precisam estar abertos para aprender sempre”, pondera a professora, que ao lado de outras duas colegas ministrará o curso “Recursos para a Construção da Matemática”, em cinco módulos, no SINPRO-SP.

“O professor é o ator principal da educação”, destaca Suely Druck da SBM. “Podemos ter idéias fantásticas para melhorar o ensino, porém somente eles serão capazes de implementá-las. É necessário atender as necessidades acadêmicas dos professores, valorizá-los e urgentemente aprimorar a formação daqueles que atuam em sala de aula e estancar a concessão de diplomas a professores mal formados”, completa.

Reverter o quadro
Questionado sobre se o MEC tinha alguma política para reverter esse quadro, o secretário da Educação Básica, Francisco das Chagas Fernandes, informou que o Ministério trabalha atualmente na rede nacional de formação continuada de docentes (que envolve 19 universidades brasileiras) com o objetivo de melhorar a capacitação dos professores, com um direcionamento mais específico para os professores de 1ª a 4ª série do ensino fundamental.

Na avaliação de Suely Druck, da SBM, somente uma ação nacional de forte impacto poderá resgatar a qualidade do ensino da matemática no país. “Isso só será possível com a implementação de um projeto nacional para a matemática como já ocorreu com outras áreas e o engajamento da comunidade matemática que detém o conhecimento matemático que deve ser repassado aos professores e estudantes”, completa.

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