Elisa Marconi e Francisco Bicudo
As denúncias feitas pelo deputado Roberto Jefferson sobre o chamado “mensalão”, além de colocar o governo federal na berlinda e de minar o patrimônio ético do Partido dos Trabalhadores, ajudam também a consolidar na opinião pública a antiga sensação de que “não tem mesmo jeito, o Brasil é o país mais corrupto do mundo e está condenado a conviver com essa realidade”. Parecem mudar apenas os contextos, as práticas e os atores – mas a corrupção está sempre presente. O sentimento é até compreensível, ainda mais quando olhamos para o escândalo atual, de graves proporções, e que atinge algumas das mais destacadas figuras da República, estendendo-se por partidos políticos, poder Executivo, Congresso Nacional, além do setor privado.
No entanto, Cláudio Weber Abramo, diretor-executivo da Transparência Brasil, entidade associada à Transparency International (TI) e que estuda o tema da corrupção há cinco anos, faz um alerta e acredita que a sociedade deveria refletir com mais cautela e profundidade sobre o tema. “Do ano 2000 para cá, pudemos constatar que, pelo menos em relação ao que é possível mensurar, o Brasil continua na mesma posição em relação à corrupção”, afirma. Segundo ele, o que parece aumentar são a percepção e a sensação que temos sobre as práticas irregulares e ilícitas, como resultado direto da impunidade. Abramo também rejeita a tese de que o brasileiro aceita passivamente a corrupção. “Qualquer pesquisa mostra que o brasileiro condena totalmente a corrupção. Não aceita e condena”, repete, de forma enfática.
Para entender melhor as raízes da corrupção – e tentar apontar o que se pode fazer para combatê-la –, o SINPRO-SP conversou com Cláudio Weber Abramo. Os melhores momentos da entrevista você acompanha a seguir.