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Exclusão social amplia riscos de pandemias

Por Francisco Bicudo

Os avanços científicos e tecnológicos obtidos na área de saúde principalmente nos últimos cem anos seriam suficientes para controlar a disseminação de uma série de doenças infecciosas – malária, dengue, cólera, leishmaniose, febre amarela, dentre várias outras – que ainda atormentam a humanidade. Na teoria, funciona assim. Na prática, porém, essas moléstias continuam a matar milhões de pessoas, todos os anos, nas diversas regiões do planeta. E a má notícia é que, com o perverso processo de globalização, responsável pelo acirramento das desigualdades e da exclusão social, a tendência é que as pandemias – doenças amplamente disseminadas, que atingem larga distribuição espacial e geográfica – se tornem uma realidade cada vez mais intensa e freqüente.

Simples, a relação é também alarmante: à medida em que se amplia o fosso que separa ricos de pobres, os problemas de saúde, muitas vezes de simples solução, se agravam. Novos agentes surgem, enquanto outros, que se julgava erradicados, reaparecem. O resultado é trágico: os principais atingidos serão os países pobres, também chamados subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, onde as condições de habitação, alimentação, saneamento básico, proteção ao meio ambiente, e de acesso à saúde e educação são precárias – ou muitas vezes inexistentes. O paradoxo é lamentável: no limiar do século XXI, o ser humano convive diariamente com cenários que lembram a Idade Média – e, pior, não é capaz de lidar com eles de maneira adequada.

“É urgente que se promova uma reversão da visão economicista e competitiva, substituindo-a por uma solidária e social, menos preocupada com os números e mais atenta ao ser humano”. O alerta é do professor Francisco Oscar de Siqueira França, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Ele foi feito durante o Café Científico “Pandemias e Exclusão Social”, organizado pela Livraria Cultura e pela revista Scientific American e realizado no último dia 15 de julho. Segundo o professor, para superar o problema, amplo e complexo, são urgentes as campanhas em massa de prevenção, educação e informação, os investimentos públicos e sociais que combatam a exclusão e garantam a qualidade de vida e a cidadania, além de uma interpretação multidisciplinar das doenças e de suas causas e conseqüências. Ele admite: são medidas simples, quase óbvias, ao alcance de todos – mas que, ressalta e reforça, não se concretizam. “Todas as lideranças mundiais sabem disso. O problema é que os investimentos não acontecem”, lamenta.

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