Criado em 30 de dezembro de 1924, o Deops tornou-se conhecido por suas atividades de perseguição e repressão aos mais diferentes movimentos sociais, em diversas épocas. Entre suas vítimas, estiveram operários, dirigentes de partidos políticos, militantes de organizações populares, sindicalistas, lideranças comunistas, além de cidadãos comuns, que não tinham qualquer participação ou ligação direta com esses movimentos, mas que invariavelmente eram classificados como “agitadores, subversivos e baderneiros”.
Em 1983, quando a ditadura militar já agonizava e dava seus últimos suspiros, o órgão foi extinto e seus documentos ficaram sob a guarda da Polícia Federal. Foi somente no final de 1991 que eles se tornaram responsabilidade do Governo do Estado, tendo sido abertos ao público três anos depois, em 1994.
Foi naquela época que Maria Aparecida começou a pesquisá-los, já que desenvolvia sua tese de livre-docência. “Percebi que tudo era muito confuso. A gente ficava completamente perdido, era muita informação desorganizada e difusa. Era quase impossível ter uma visão de conjunto e tentar compreender qual era a lógica de funcionamento do órgão, a ideologia que o movia. Tivemos então a idéia de desenvolver um projeto de organização dos arquivos. Apresentamos a proposta à Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que aprovou o financiamento. Começamos a trabalhar em 98”, conta.