Por Francisco Bicudo

Público lota auditório do SINPRO-SP para ouvir Miguel Urbano Rodrigues
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Quando os discursos e narrativas dominantes tentam convencer as diferentes sociedades que esperança, utopia e igualdade são palavras e conceitos superados, características de épocas passadas e cada vez mais distantes dos tempos modernos e globalizados, o jornalista português Miguel Urbano Rodrigues pede licença e, com sua fala mansa, incisiva e carismática, vai contra a corrente e parece fazer do verso musical “os sonhos não envelhecem” uma das motivações principais de sua vida e trajetória política.
Mas, mesmo sem perder a convicção de que dias melhores virão, Urbano vê com preocupação o atual cenário internacional. Histórico militante das causas humanitárias e socialistas – lutou contra a ditadura de Salazar em Portugal e apoiou os movimentos de libertação da África nas décadas de 60 e 70 –, o jornalista acredita que a humanidade enfrenta uma das piores crises de sua história, que coloca em xeque a própria continuidade da vida, e que só encontraria precedentes nas atrocidades cometidas pelo nazismo alemão. A globalização – que ele também não hesita em chamar de imperialismo – só se impõe e se torna realidade por conta do poder militar dos Estados Unidos, que avançam sobre a soberania e os recursos naturais de países anunciados como “inimigos”. “Essas imposições, feitas de forma autoritária, geram uma grave crise no sistema capitalista. No desespero de tentar resolvê-la, aparecem as guerras preventivas. E a ditadura midiática atua de forma a não permitir que as populações compreendam os reais significados desse fenômeno”, afirmou Urbano, durante debate realizado pelo SINPRO-SP.