Por Francisco Bicudo
Na capa do livro, uma foto estilizada do presidente norte-americano George W. Bush com longas barbas brancas e usando o tradicional turbante islâmico, como se fosse um mulá talebã ou algum representante da milícia Al-Qaeda. Na contracapa, outra foto montada, desta feita de Osama Bin Laden, vestindo um bem recortado terno e uma impecável gravata; ele usa o púlpito da Casa Branca para discursar, como fazem os mandatários dos Estados Unidos sempre que a ocasião exige. As inversões de “fantasias e personagens” não acontecem por acaso: elas são a mais perfeita tradução da obra “Confrontos de Fundamentalismo – Cruzadas, Jihad e Modernidade”, lançada recentemente pelo escritor paquistanês Tariq Ali.
“Nesta obra de amplo alcance – conjugando história, literatura, política e memórias com verdadeiras aulas de política internacional –, Tariq Ali analisa os antecedentes aos atentados de 11 de setembro, enquanto questiona a cultura conformista do nosso tempo, mostrando como a ‘guerra contra o terror’ é um choque de fundamentalismos: o religioso versus o imperial. Cada um destes marcado por características conhecidas há muito tempo – o uso do poder militar desproporcional de um lado e um fanatismo cuidadosamente denunciado por seu oposto”, informa a “orelha” de apresentação do livro.