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A sociedade israelense

Como a sociedade israelense encara essa questão? Há oposição à linha dura de Sharon? Onde está ela?
Em 15 de março deste ano, o jornal israelense “Maariv” publicou uma pesquisa dizendo o seguinte: 60% dos israelenses são favoráveis a que alguns assentamentos sejam desocupados. Outros 63% são a favor da criação de um Estado Palestino. E 67% da população está descontente com Sharon. Isso foi em março, ou seja, antes da operação militar israelense “Escudo Defensivo”, que ocupou as cidades controladas pela Autoridade Nacional Palestina (ANP). Há pouco saiu uma outra pesquisa que aponta um apoio quase unânime à política de Sharon. Eu tenho muito receio com pesquisas; para mim, principalmente em paises em guerra, elas são suspeitas por princípio. Os fatos: a sociedade israelense tem grupos fortes que são contra a política de guerra de Israel. A organização B’Tselem é um exemplo.O grupo Peace Now é outro. Segundo o judeu Marcelo Dascal, que conheci em Jerusalém, e que vive há muitos anos em Israel, “cada vez que ocorre um atentado kamikase, a força do governo aumenta”. Isso me parece lógico, mas traz uma contradição, porque Sharon assumiu prometendo acabar com o terrorismo. Em seu governo, a violência só aumentou. A população não vê nos atos kamikases a falência da política de Sharon, se é que algum dia existiu uma. Ao contrário, neste momento ele tem o álibi para suas ações e ganha o apoio da opinião pública. Quando se vive em meio ao terror, com medo de tudo, tendo familiares sendo mortos, é difícil exigir um pensamento equilibrado, mais compreensivo. O raciocínio ganha uma lógica terrível: os ataques kamikases são a prova concreta de que a população palestina optou pelo terror. Aí o exército de Israel invade cidades e mata, de uma vez só, centenas de pessoas. Para quem está de fora, o raciocínio ganha outra dimensão: os ataques kamikases são a prova de que alguma coisa está errada, de que alguma coisa gerou essa ação extrema. Talvez seja uma conclusão adequada. Antes de uma resposta, contudo, é preciso que se faça a pergunta: Mas por quê? Nesse caso, um dos muitos motivos é que Israel ocupa ilegalmente terras palestinas, desrespeitando por anos a fio todos os tratados internacionais. A população palestina vive sob um regime de apartheid. E isso é um fato. Os atentados de 11 de setembro traduzem bem o que digo. A guerra contra a população civil do Afeganistão foi uma resposta dada antes da pergunta. Aí chamaram vingança de justiça, e rotularam todos os afegãos de culpados pelos atentados. As torres gêmeas caíram para a direita, como pela direita vão os israelenses, quando kamikases usam seus corpos para matar civis israelenses. E em Israel, a direita, neste momento, é representada por Ariel Sharon.

Quem é, afinal, Ariel Sharon?
Ariel Sharon tem uma qualidade rara, raríssima nos políticos. Ele é coerente. Desde sempre foi um senhor da guerra, desde sempre usa violência extrema como instrumento de destruição contra qualquer um que se oponha a suas convicções. Nesse sentido, é correto dizer que, além de coerente, é também um fanático. Um fanático que tem nas mãos um dos exércitos mais poderosos do mundo. É um homem que desconhece e ignora o diálogo, as negociações, o debate. Prefere os canhões à caneta. Sharon foi o responsável pela invasão de Israel no Líbano, em 1982, quando era ministro da Defesa, que resultou na conhecida tragédia de Sabra e Chatila. Os acampamentos palestinos foram invadidos por uma milícia cristã que assassinou milhares de pessoas. A justiça de Israel o apontou como responsável indireto pelo massacre. Sharon foi o responsável pelo início da nova intifada, em setembro de 2000, quando, por provocação, visitou a Esplanada das Mesquitas, o terceiro lugar mais sagrado do Islã. Sharon é artesão da desgraça. Desgraça palestina e israelense.

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