Quais são as análises feitas pelas organizações internacionais? Será possível reconstruir as cidades destruídas?
As cidades serão reconstruídas. Talvez daqui a cinco, dez anos as estruturas das cidades voltem ao lugar. Mas e as pessoas? E as pessoas que perderam filhos, irmãos, os pais? O efeito dessa ultima operação militar israelense não aniquilou apenas a vida de muitas pessoas, aniquilou possibilidades e esperanças. Não só as gerações atuais vão levar consigo as poeiras da violência, mas também as gerações futuras. Por isso, acho que a verdadeira dimensão dessa ação só será conhecida daqui a alguns anos.
Na sua opinião, esse processo pode ter fim? É possível um acordo de paz? E o que ele deve prever?
Em janeiro passado, o príncipe saudita Abdallah apresentou um plano de paz que foi aprovado pela Liga Árabe. O plano é bastante simples e diz o seguinte: Os Estados árabes reconhecem a existência de Israel, garantem a segurança de suas fronteiras e iniciam relações comerciais e diplomáticas completas. Em troca, Israel deve retirar-se dos territórios ocupados em 1967, aceitar o retorno dos refugiados, ou seja, o retorno dos palestinos expulsos de suas terras desde 1948. Hoje, com os descendentes, são 3,8 milhões de pessoas. Além disso, deve, claro, aceitar a criação do Estado Palestino, que será efetivado em Gaza, Cisjordânia e no leste de Jerusalém . O plano apareceu como um importante ponto de partida, uma luz, despertou alguma esperança. Mas as coisas desandaram. De qualquer forma, acho que será muito difícil qualquer acordo enquanto Israel estiver ocupando, de maneira ilegal, as terras palestinas “conquistadas” em 1967, na guerra dos seis dias. Não acho que seja possível haver ocupação e paz ao mesmo tempo.