Por Francisco Bicudo
Um país em crise
Tirano, ditador e golpista, ele não mede esforços para impor suas vontades e propostas. É capaz de passar como um trator sem freios por cima dos valores e instituições democráticas. Comunista e amigo de Fidel Castro e Sadam Husseim, pode levar seu país a uma guerra civil e a um banho de sangue. É uma ameaça à estabilidade da região.
Com pequenas variações e nuances, esse parece ser o Hugo Chavéz, presidente da Venezuela, pintado pelas notícias do front que nos chegam por meio dos jornalões e revistas semanais de informação. Não creio que o avesso do avesso – endeusar Chávez e fazer dele um novo salvador da pátria e aquele que enfrenta de peito aberto o gigante Tio Sam – seja a chave-mestra para que se possa compreender com mais profundidade o que, afinal de contas, se passa no país vizinho. Mas a verdade é que o estereótipo e o monstro criados pelas forças conservadoras venezuelanas e internacionais – e rapidamente divulgados e tornados públicos pela mídia – serve para abafar o debate de uma realidade que se anuncia muito mais complexa do que simplesmente “ou isso ou aquilo, ou Chávez ou não-Chávez”. De uma certa maneira, pode-se dizer que em discussão está inclusive o futuro da verdadeira democracia na região.