A confluência e semelhança de interesses táticos e estratégicos aproximou ainda mais as elites venezuelanas dos Estados Unidos, principalmente depois da eleição de George W. Bush. Está comprovada a participação de militares e diplomatas norte-americanos na preparação do frustrado golpe de Estado que tentou derrubar Hugo Chávez do poder, em abril do ano passado. “Altos funcionários da administração Bush já se haviam encontrado, diversas vezes, com os dirigentes da coalizão que articulava o golpe na Venezuela”, confirma o professor Bandeira da UnB. “Em 2001, os EUA canalizaram centenas de milhares de dólares para os grupos americanos e venezuelanos adversos ao presidente Hugo Chávez, inclusive a CTV (Central dos Trabalhadores Venezuelanos), através da National Endowment for Democracy, agência criada pelo Congresso, que incrementou e quadruplicou as doações, elevando seu orçamento para a Venezuela para mais de 877 mil dólares”, completa.
Liderado pela CTV e pela Fedecámaras (Federácion de Câmaras, a poderosa entidade patronal do país), com forte apoio da quase totalidade da mídia venezuelana, o golpe durou pouco mais de 48 horas – e terminou com Chávez retornando ao Palácio de Miraflores por obra do povo venezuelano, que tomou conta das ruas da capital, Caracas, exigindo o retorno de seu líder ao posto máximo da nação. Os derrotados jamais se conformaram com o fracasso da iniciativa.