Por Francisco Bicudo
As discussões sobre a taxa de juros, o aumento nos índices de desemprego e a estagnação da economia brasileira, de fato relevantes, fizeram por outro lado passar quase despercebido e escondido um assunto igualmente importante, que merece da sociedade brasileira todas as atenções e reflexões: a divulgação, no dia 27 de maio, do “Segundo Relatório Nacional sobre os Direitos Humanos”.
Desenvolvido entre junho e novembro de 2002, e elaborado pela Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos, com apoio da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o documento faz uma detalhada análise sobre a questão no país, no período de 2000 a 2002. Se fosse possível criar uma imagem, pode-se dizer que o que se tem é uma fotografia com foco muito bem definido, capaz de dar conta, com pormenores e complexidade, dos mais diversos elementos e personagens envolvidos na discussão. Suas cores vivas e seus contornos nítidos representam um grito de alerta, uma convocação para que a sociedade se mobilize para combater situações que, se em alguns aspectos têm evoluído e melhorado, em outros ainda colocam o Brasil no indesejável reino do vale-tudo e do salve-se quem puder. Não são poucas as ocasiões em que se trabalha no limite da barbárie e da ausência total de regras e de valores humanos, deixando de lado, por completo, o pacto social e o Estado de Direito.