E por falar em século XIX, o relatório ajuda a derrubar, mais uma vez, os argumentos de quem propaga a tese de um Brasil como “democracia racial”. A renda média familiar per capita dos brancos (2,99 salários-mínimos) é mais do que o dobro da recebida pelos negros – o relatório prefere usar afro-descendentes (1,28 salário). Enquanto a expectativa média de vida da população brasileira é de 68 anos e a da população branca é de 71 anos, entre os negros essa média fica em apenas 65,1 anos. Pior ainda: em 1999, 91,7% dos brancos com mais de 15 anos eram alfabetizados, enquanto, entre os afro-descendentes, essa taxa era de 80,2%. A discussão envolve também os gêneros: em 1999, o rendimento médio das mulheres brasileiras era equivalente a 60,7% do rendimento mensal dos homens. Análise do relatório: “Avanços no processo de desenvolvimento humano são importantes, mas acontece que os avanços não são contínuos, progressivos, e não resultam automaticamente na redução da desigualdade e da pobreza e na redução das graves violações dos direitos humanos no país. Freqüentemente, os benefícios do progresso são distribuídos desigualmente entre os diversos grupos da sociedade”.