É uma guerra que se manifesta nas ruas, mas também depois que os adolescentes condenados são privados da liberdade. Afinal, é impossível falar de violência e juventude e não tocar no assunto Febem. Por isso, quando termina a manifestação da platéia, Heródoto pergunta ao secretário da Educação sobre o anunciado novo rumo que a instituição estaria tomando. Chalita explica que a primeira grande mudança já aconteceu. Foi a passagem do comando das unidades que estavam sob a responsabilidade da Secretaria de Segurança Pública para a Secretaria da Educação. E, se antes o que valia era a contenção dos meninos, ele garante que agora o objetivo será mesmo a recuperação. E o primeiro passo para isso é rever o encarceramento dos infratores: “Só para vocês terem uma idéia, 72% dos menores está na Febem por furto ou roubo. Crimes tranqüilos que não deviam ser punidos com internação”. Outra preocupação é com o preconceito contra quem entra e, principalmente, contra quem sai da Fundação. Para o secretário, isso só mudaria se a sociedade “que critica, mas não vai lá” acreditasse na nova proposta e, mais ainda, que participasse ativamente. Visitasse os meninos. Estivesse junto nesse processo.
Soninha completa: “É muito fácil pedir pena de morte e redução de idade penal. As pessoas pensam que prendendo mais jovens tudo ficaria bem melhor”. E lembra que a prisão não intimida os jovens, porque eles não temem pela própria vida. Para a jornalista, o menor infrator está disposto a qualquer preço para conseguir o que quer. “É tão ‘faroeste’ a situação que os valores da vida não valem nada”.