E como a escola pode ajudar a começar a reverter o quadro de violência do país? É mais uma pergunta do mediador para o secretário da Educação. Chalita responde que a escola tem papel estratégico, seja educando, oferecendo formação e ocupando produtivamente o tempo dos adolescentes. Afirma ainda que não é fácil ser professor. “O estudante chega com problemas sociais, sem perspectivas, descrente do sistema educacional”. Uma frase dita por um menor infrator interno da Febem – publicada em reportagem de Phydia Athayde na Revista Carta Capital no. 226/2003 (www.cartacapital.com.br) - mostra bem a relação conflituosa que vivem aluno e docente em sala de aula: “Quem domina é nós, a senhora fica aí na sua”. Mas Chalita vê uma esperança. A escola está se abrindo para a comunidade, recebendo pais e voluntários. Garante que mil escolas já são abertas nos finais de semana, promovendo lazer e diversão para os adolescentes e suas famílias e que 98,9% das crianças do estado de São Paulo estão matriculadas.
Soninha rebate a fala do secretário: “Mas o currículo também precisa mudar, Chalita. Porque hoje não dá para a escola concorrer com o mundão. Não basta ir à escola aprender raiz cúbica de ¼ elevado a menos dez, mitocôndria e três fileiras de verbos em inglês”. E Ferréz completa apresentando a situação complicada das escolas da periferia. Conta que os diretores são de fora dos bairros, não interagem com os alunos, não deixam usar o laboratório, a tv e os livros para não estragar. Os professores não têm informação. Resumindo: “a escola é um corpo estranho na comunidade”.