Por Francisco Bicudo
Pode um jovem ser ao mesmo tempo criminoso e vítima? Para os participantes do debate Vida de Jovem - violenta ou violentada?, realizado do último dia 31 de janeiro e promovido pela Rádio CBN – que transmitiu o encontro ao vivo - e pelo Instituto Itaú Cultural, a resposta, por mais estranha que possa parecer, é sim. Embora a afirmação não signifique a inocência de quem praticou um crime, faz pensar sobre a responsabilidade da sociedade na formação de garotos de classe média, educados sem limites e incentivados a consumir a qualquer custo, e de garotos pobres tratados como marginais por princípio.
Diante de um auditório lotado, com gente de todo o tipo – velhinhos, velhinhas, policiais militares, padres, professores e meninos e meninas ligados a instituições, numa mostra de que o assunto parece mesmo preocupar cada vez mais os diversos segmentos sociais –, o Secretário da Educação do Estado de São Paulo, Gabriel Chalita, a professora e pesquisadora da Universidade Católica de Brasília, Miriam Abramovai, a jornalista e comentarista esportiva Sônia Francine (Soninha) e o escritor Ferréz, mediados pelo jornalista Heródoto Barbero, discutiram sobre o papel contraditório e controverso que marca a relação entre juventude e crime. É importante reafirmar que, embora em momento algum os convidados tenham defendido a inocência dos adolescentes infratores, insistiram na idéia de que esses pequenos bandidos são também nossos filhos, nossa cria, resultado do que ensinamos a eles.